“Olho
para o mundo, cada lugar onde não estou. Porque este, velho e gasto de tão
palmilhado já perdeu o encanto. Aquele encanto que nos faz desejar torna-lo
melhor, e lutamos, lutamos, plantamos árvores, atiramos sementes amor que não
germinam, porque o temporal inunda a terra, numa avalanche de indiferença.
Talvez seja tempo de mudar de rota, erguer a âncora, soltar as velas e procurar
novos ventos de mudança. Mas as ondas riem-se de mim com gargalhadas de espuma.
E num murmúrio de sensatez obrigam-me a entender que não há fuga possível, que
a culpa não é do mundo nem dos lugares. Podia viajar pelo universo que
continuaria a sentir que a nenhum local pertenço. Porque aquele de onde
verdadeiramente sou está dentro de mim, na minha ilha de emoções. Na minha
gruta de escuridão. Nos meus extensos desertos de solidão. Nas profundezas dos
meus oceanos de tristeza.”
“Essa
é a tua tristeza quando olhas para o mundo, eu que olho para ti como se fosses o meu mundo.
Não sei se te entendo, se te quero entender, magoa-me essa solidão que não
preencho, essa tristeza que não alegro, esse deserto de que queria ser um
oásis. Aproximo-me, construo uma ponte entre nós para que nem as margens
marítimas nos separem. Mas vejo o teu olhar já noutros voos, mais longínquos,
estendo um cordão de amizade que não apanhas. E vais, não sei para onde,
digo-te adeus, e parto de ti com uma saudade que nunca chegou a nascer entre
nós.”
E porque tudo passa como as “águas de março”,
haverá sempre entre nós, “um lugar feliz”.
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