Enviaram-me
um e-mail desejando que eu recebesse o “suficiente”. Fiquei a tentar perceber o
que isto queria dizer. "O suficiente", pareceu-me simples, algo do senso comum. Mas esta verdade de La
Palice não é assim tão óbvia, porque na nossa característica humana,
queremos tudo na dimensão do nosso
desejo:
Todo o amor que possamos dar e receber.
Toda
a felicidade que a vida nos possa oferecer.
Toda
a riqueza que o mundo nos possa oferecer.
Todo
o sol daquele Verão.
Toda
a chuva que a terra necessite para florescer.
Queremos
tudo, porque o suficiente nos parece sempre insuficiente. Afinal, ninguém se
contenta com o suficiente quando se pode sonhar por muito mais. E depois de
sonhar, lutar para o conquistar. Com muita coragem, com muita vontade. Claro
que podemos fracassar, mas temos a certeza, a certeza absoluta que tentámos. Só
depois, muito depois de todas as mágoas, de todos os cansaços e de todas as
quedas é que percebemos que afinal nos bastava o suficiente:
O
sol suficiente para continuar a ser radiante.
A
chuva suficiente para depois apreciar o sol.
A
felicidade suficiente para alegrar o espírito.
A
dor suficiente para que as menores alegrias da vida nos pareçam muito maiores.
O
dinheiro suficiente para obter os pequenos prazeres materiais.
Compreensão
suficiente para que percebamos que o suficiente nos basta.
Um
dia suficiente de tarefas para apreciar o descanso da noite
As
perdas suficientes para que apreciemos tudo o que possuímos.
Os
“olás” suficientes para que cheguem
connosco ao adeus final.
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