Há
palavras que nos tocam, palavras que já passaram por nós, que já ouvimos aqui e
ali, mas que rapidamente esquecemos. Palavras que nos fazem parar para pensar,
para sentir, para a ver como se fosse a primeira vez.
Hoje
escutei-a e sem saber bem porquê tocou-me, bateu à minha porta, de mansinho e
mesmo assim, sobressaltou-me. Deixei-a entrar, sentar-se na minha sala,
sussurrar-me não sei bem o quê que temi ouvir. Fiz um silêncio respeitador,
quis saber tudo, mas não lhe perguntei nada, esperei, de coração apertado, de
alma dorida. Esperei, com o ar em suspenso, com o olhar perscrutador. Esperei,
fingindo uma calma que não sentia. Esperando ou melhor desesperando, porque a
sua preocupação me envolveu os sentidos.
Mesmo quando estremeci, desenhei no
rosto um sorriso de confiança, uma confiança que já tinha perdido, algures
nesse curto mas demasiado longo impasse.
Então, uma lágrima quis chorar-te, mas
prendi-a no peito, sufoquei-a com todas as minhas forças e amarrei-a com laços vacilantes
de esperança, talvez partisses silenciosa como vieste sem me avassalar a vida
de mágoa. Sem destruir os meus sonhos, sem dar razão aos meus medos, sem que me
fiques a palpitar no coração.
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