Não
sou saudosista, mas sinto falta de tudo: Dos primeiros raios de sol, das
primeiras flores da Primavera. Dos cheiros da infância, da rebeldia da
adolescência. Do nascer dos dias, do adormecer das noites. Do sabor das ondas,
das folhas outonais, do nevoeiro silencioso. Dos suspiros de açúcar, dos
suspiros do peito. Dos reflexos do olhar, da gargalhada cristalina, da lágrima
solitária. Dos silêncios que dizem tudo, das longas conversas que não dizem
nada. Do compasso das horas, da corrida dos segundos.
De
ti e de mim, mas sobretudo de nós. Da imaginação com asas, da espera que é
finita, da antecipação da chegada. Da alma aconchegada, da mão preenchida, do
abraço apertado. Da certeza, do acreditar, do querer, do lutar e vencer. Dos
passos que o mar levou, da chuva que o calor secou, da andorinha que partiu e
não voltou, do sonho que no sonho ficou.
Sinto
falta de tudo, tudo o que já vivi, mas sinto falta sobretudo daquilo que ainda,
um dia, quero viver.