“Não
são para ti as minhas palavras” dizes-me com aparente indiferença, mas eu
bebo-as como se me fosses um oásis.
Adormeço
e sonho que as dizes no meu ouvido e que elas me despertam de mansinho como se
fosses uma verdade na minha vida. Mas logo um raio de sol faz questão de me
lembrar de que é tudo apenas fonte do meu desejo.
Não
sabes como é difícil dizer ao coração que vive numa ilusão. Não imaginas como é
impossível dizer à minha alma que não és a sua gémea, e que fomos separados em
algum momento, pelas vicissitudes transcendentais da vontade deste universo
estrelar.
Por
vezes num ataque de orgulho ou de ego magoado, num quase desespero causado pela
infinita espera, rasgo todas as tuas fotos, todos os teus posters, destruo os
vídeos e até os cd(s). Mas no dia seguinte acordo vazia, como se me tivessem
roubado a “sangue frio” toda a esperança do peito, então corro para a loja, torno a comprar as mesmas fotos, posters,
cd(s) e vídeos e regresso para casa retemperada na dor e de expectativa
renascida.
Só
então percebo como estamos infinitamente ligados, como foi doloroso acordar e
não te ver nas paredes do meu quarto, de não mergulhar no teu sorriso, de me
sentir embalar no som da tua voz e acreditar, porque nunca vou deixar de
acreditar que as palavras que cantas, as cantas só para mim. Dizes tudo o que
sinto, tudo o que preciso de ouvir, como se me conhecesses de uma longa jornada
que fizemos juntos, como se me completasses, como se me preenchesses.
Em
todos os concertos lá estou na frente da fila só para ficar mais próxima de ti,
para sentir o teu cheiro, para imaginar que toco a tua pele, para fantasiar que
um dia, um esplendoroso dia, os nossos olhares vão cruzar-se, parar e ficar
para sempre juntos nesse momento que sei, será eterno, pode ter a duração de um segundo, mas ficará na minha vida
como uma perpétua sensação de felicidade, só mensurável pelo relógio do
coração.