“Que me importam os sorrisos
trocistas, as palavras de gozo, sou assim e com esta idade dificilmente
mudarei. Gosto de mim como sou, ‘ romântica incurável’, doença que espero sofrer
até ao final dos meus dias. Posso estar fora de moda, obsoleta, antiquada, mas,
deixo-me facilmente envolver por uma doce nostalgia quando abro a gaveta da
escrivaninha.
Lá permanecem arrumadas cartas que
ainda falam. Cartas cheias de esperança por uma leitura atenta.
Cartas de um passado revolto, de um
amor emudecido, de uma saudade calada bem escondida no fundo da gaveta.
E essa folhas amarelecidas pelo tempo
de memórias tão minhas anseiam por outros olhares, por outras mãos que as
acariciem.
Mas já se me vai conformando o
coração de que o único olhar sobre elas, a única impressão digital que vão
conhecer seja a minha.” Confissões de uma amiga que invejo, sobretudo quando a
minha gaveta, procuro algo semelhante, mas não encontro nenhuma carta, nem
sequer um rascunho, só uma pen drive perdida, cujo conteúdo já não me recordo, um
cd-rom que já não abre, uma disquete que já não pode ser utilizada. Mudam-se os
tempos, evolui a tecnologia, “mas não muda nunca o coração”.
Espero que ela tenha razão…
Espero que ela tenha razão…