Quantos
espaços vazios temos na vida, quantos locais que desejaríamos partilhar,
suponho que muitos. Lugares que vamos guardando no peito, recantos que em
momentos escolhidos nos acolhem e nos preenchem com um pouco de sonho quando a
noite ainda vem longe…
“Quando
vejo aquele banco vazio, lembro-me de ti. Não porque algum dia te tenhas
sentado nele, mas precisamente por essa tua ausência neste banco, na minha vida.
Acho
que ficarias bem no enquadramento da paisagem, esse teu olhar outonal, esse
silêncio que me ofereces e que me sabe a repetidos invernos de solidão. Essa
solidão que me desenhaste no peito desde o dia em que o meu olhar se cruzou com
o teu e num fugaz momento nele permaneceu. Ainda me embala a alma essa
lembrança e, um sorriso ilumina-me frugalmente o rosto, porque tenho desse
momento, guardada no peito a mais representativa imagem de felicidade que
jamais vivi.
E
no entanto, o banco permanece vazio, não me atrevo a sentar-me nele, apesar do
cansaço do corpo já me fazer esse generoso convite, não me sento, porque sei
que esse banco não é meu, e que aguarda o teu regresso. Não sei há quantos
outonos aguarda, já os deixei de contar. Sei apenas que são muitos para quem
espera, mas poucos se a espera for por ti.”
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