
Quem
me dera ser cigana “amar sem ficar prisioneira do amor”. Transformar em risos
as cicatrizes, dançar sobre o pó da estrada, essa que não tem apeadeiros
permanentes. Ter luz no olhar e feitiços no coração. E na voz, um silêncio
escondido, de histórias por contar, então fala, e no que diz ressoam
castanholas entoando na brisa gargalhadas que desafiam a sorte.
Quem
me dera ser cigana, encantada, profunda, audaciosa, como se enganam em
chamar-lhe vaidosa. Sã na sua loucura é
orgia de afectos e ternura. E nunca rasgo de cintura ensaia um passo flamenco, ergue
as mãos ao céu, e avança com gestos firmes meigos, bruscos, como quem desafia a
vida ao desdenhar da morte.
Quem
me dera ser cigana, viver num tempo que se libertou das horas e segue apenas a vontade
de cada momento.
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