Neste
quase final de Dezembro,
Neste
quase culminar de ano.
Em
que esqueço e relembro,
Cada
ventura e desengano.
Foram
tantos, tantos meses,
De
mágoa e de esperança.
Chego
aqui e os revezes,
Tornam-se
mera lembrança.
É
preciso continuar a sorrir,
É
preciso continuar a amar.
É
preciso de novo repetir,
O
sonho para o alcançar.
|
É
disto que é feita a nossa vida,
É
disto que somos feitos nós.
Quando
vemos em cada subida,
O
desafio que nos cresce veloz.
No
final o que sempre resta,
É
esta vontade de recomeçar.
Vamos
deixar a porta aberta,
Para
o Novo ano possa entrar.
Que
seja um ano de felicidade,
Que
venha repleto de alegria.
Para
que toda a humanidade,
Viva
em paz e amor cada dia.
|
Pós-de-bem-querer para partilhar/oferecer: Pensamentos, histórias, aprendizagens.Tudo o que acontece quando se vive e se ama a vida!...
quarta-feira, 30 de dezembro de 2015
Feliz Ano Novo
segunda-feira, 28 de dezembro de 2015
Post.ti: E depois do Natal?
E depois do Natal?
Cabe a cada um cuidar da “prenda” que recebeu. Esse abraço quente, essa palavra
amiga, esse sorriso franco, esse olhar que nos olha nos olhos. “Prendas” que
esperámos o ano inteiro, que tardaram, dizem uns; que chegaram na hora certa,
dizem os que as sabem receber. Porque até para receber é preciso saber. Receber
sem criticar, sem analisar, sem esperar mais.
Porque receber é também dar, dar
o agradecimento dessa chegada, dessa lembrança, dessa partilha. Lembro-me
tantas vezes da minha avó “adoptiva”, das suas sábias e generosas palavras “tudo
o que é recebido com gratidão é também dado com o coração”.
Noutros tempos, quando
era miúda, ouvia esta frase e não a entendia completamente, soava-me a ternura
e por isso a acalentava no pensamento. Foi preciso crescer para não só a
perceber, mas também a sentir. Por vezes temos de “crescer”, para as coisas
mais simples nos começarem a fazer sentido dentro do peito.
Coisas simples como o Natal, não a data, a azáfama
das compras, a mesa recheada, as luzes a piscar. Porque se o Natal fosse apenas
isso, o depois era triste, doloroso, a expectativa áurea da chegada o desalento
da partida, os presentes transformados num monte de papeis rasgados, a mesa replecta de pratos meio vazios, as
luzes ainda a piscar em cores solitárias.
Felizmente, o Natal
é mais, muito mais do que isso. É a mensagem que nos fica a dançar nos
sentidos, que nos faz prometer coisas que nunca conseguimos cumprir na sua
totalidade, mas que desejamos tanto manter.
O calor daquele abraço que nunca
vamos esquecer, aquela palavra que fez todo o sentido no nosso rumo, aquele
sorriso que nos prolongou a esperança mesmo que se torne um dia apenas
lembrança, e aquele olhar, sim aquele olhar que nos diz tanto sem usar as
palavras cansadas de serem ditas e por vezes esquecidas de serem
verdadeiramente vividas.
Não, o Natal não é fingimento, o Natal não é ficção,
obrigação. Natal é como estamos, por
vezes com lágrimas, com solidão, com doença, com uma certa escuridão, mas Natal
é também o que somos, a capacidade de transformar a dor em ternura, a solidão
em carinho, a doença em luta e esperança na vitória e encontrar algures em nós a luz do caminho.
E depois do Natal?
Volta a questão. Natal não deve ser um final, mas um começo. Abrimos as “prendas”,
está na hora de as apreciar, de lhes dar uso. Vamos desembrulhar a esperança, desenvolver a confiança, conservar a expectativa, aumentar o ânimo,
guardar o alento, ampliar a fé, estimular
a coragem, sonhar mesmo quando a realidade nos acordar e acreditar
que o Natal não tem um antes e um depois mas um contínuo presente.
quarta-feira, 23 de dezembro de 2015
terça-feira, 15 de dezembro de 2015
Jasmim
O que está para além dessa condição.
Aquilo que só
se pode encontrar,
Quando se busca com o coração.
Mas como algum dia tu verias,
Se em sonhos andas a navegar.
Por entre ideais de
fantasias,
Onde nunca poderás encontrar.
Desce à terra e aceita,
Que a perfeição não existe.
Que não é dos deuses a eleita,
Nem da tristeza é a mais triste.
É apenas humana e assim,
Não como queres que seja.
Simples como flor de jasmim,
Que à rosa não causa inveja.
Mas se a vires, se lhe tocares,
Se a sentires em verdade.
Saberás, são cegos os olhares,
Que não vêem a sua lealdade.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2015
Post.it: Porque é Natal
Não
sei o que significa para vós o Natal, certamente não estarão interessados em
saber o que significa para mim, por isso abstenho-me de o fazer. Mas o Natal será
sempre e apenas o que cada um o torna, para si e para os outros. Se é comprado,
se é sentido, partilhado, solitário ou solidário, cada um é que sabe como o
deve ou não celebrar. Se é apenas um dia, se sobrevive durante todo o ano,
mesmo nos dias mais tristes, doentes, carentes, está em cada mão conduzi-lo
nessa ou noutra direcção. Amado por uns, desprezado por outros. Olhado com
indiferença, abraçado por qualquer crença, é o Natal com a sua história que se
reacende na nossa particular memória.
Acendem-se
as luzes, e se nos permitirmos, acende-se a esperança. Apetece ser generoso nem
que seja unicamente com palavras, num Bom dia ao dia que muitas vezes nos
esquecemos de dar. Apetece olhar para aquela pessoa que tantas vimos sem
realmente a ver. Apetece tocar aquele coração que parece por vezes tão distante.
Ou abraçar alguém que se sente cada vez mais só. Apetece pegar no telefone e
escutar do outro lado aquela carinhosa voz.
Parece
estranho porque tivemos um ano inteiro para fazer todas estas coisas, mas não
fizemos, adiámos, arrumámos num canto qualquer da agenda, culpámos a rotina, o
emprego, os filhos e no final de cada dia, murmurámos, talvez amanhã. Um amanhã
que se prolongou até ao agora. Mas porquê agora? Questionamos, sabendo de ante
mão a resposta.
Porque
é Natal e no Natal nada podemos adiar, há como que um apelo genético, cultural,
social, religioso, consciencioso, chamem-lhe o que quiserem. Há um dever do
coração, da alma, de todo o nosso ser, que nos relembra o que devemos a nós e
aos outros. “Obedecemos”,
com vontade e sobretudo com ternura. Cumprimos a tradição, soltamos o perdão,
atenuamos o olhar crítico, sorrimos às mágoas, suspiramos nos engarrafamentos
de trânsito e de repente toda a pressa instalada de correr contra o relógio
desaparece, como que por milagre, como se houvesse realmente milagres, apetece…
Apetece, simplesmente agradecer, o quê? Tudo. “Como se caímos?” Mas o que
importa é que nos levantámos. O Natal somos nós. Por isso que cada um o torne Feliz.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2015
Post.it: O tempo pára
Quantas
pessoas têm tempo para apreciar o tempo? Não o tempo a passar mas o tempo a
pousar como se fosse um pássaro sobre o ramo da árvore da vida?
Poucas
e no entanto o dia tem para todos, as mesmas horas, os mesmos dias, (às vezes) os
mesmos meses, (às vezes) os mesmos anos.
Todos temos tarefas, rotinas, os que têm
muitas, encaixam-nas arrumadinhas em cada canto dos segundos, as que têm poucas
(mas para si, sempre demasiadas), espalham-nas na desordem das horas. Depois,
queixam-se que o tempo “voa”, que nem dão por ele passar. “Ainda ontem tinha 20
anos, hoje já tenho 80, como o tempo passa”, suspiram.
E
no entanto há momentos em que o tempo parece parar e pousar sobre o nosso ombro
sussurrando-nos melodias de vento. Mas nem um cabelo se agita, a vida de
repente parece-nos um dos mais belos quadros de Renoir.
O rosto de linhas suaves, os olhos parados
querem beber o azul celeste, os lábios calados esboçam um quase sorriso de Mona
Lisa, os ombros encaixam-se deleitosos no recosto da poltrona, parecem leves
como quem se libertou do peso do seu viver, os braços em descanso, descem como
um rio de graciosos contornos até ao seu leito/regaço para revelarem no seu
términos duas mãos com dedos entrelaçados num abraço de quem reconhece e agradece
a companhia partilhada.
As
pernas surgem contraídas, numa posição rectilínea de tensão nervosa, os pés
alinham-se sem se tocar, indiciando no entanto, o desejo de passos, de quem
ainda não desistiu totalmente do caminho,
mesmo quando o corpo se entrega a um magistral cansaço, pés que irrequietos na
sua aparente quietude revelam o desejo de continuar a palmilhar a vida. Para
onde? Em frente, sempre em frente, há de ir dar a algum lugar..
Ao
lado da poltrona, no chão, jaz um lenço, terá caído, terá sido abandonado,
rejeitado? É um lenço de companhia que as senhoras gostam de usar para tornar
discreto qualquer gesto necessário de ser feito.
Mas
aquele lenço, ainda novo nas suas funções, identificável pelos os vincos engomados
que trouxe da loja e no entanto já está no chão, caído, esquecido? Não, um
olhar mais atento faz a sua revelação, por entre o bordado florido, uma
lágrima, um quase lago tocando as flores.
Uma
história que só o tempo contará a quem tiver tempo de a ouvir. Podemos contudo
acrescentar à contemplação que, o tempo
pára, mas pára mesmo, não só para quem parte, mas por momentos, também para
quem fica.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2015
Semente
Neste meu passo lento.
Ando por aqui a nascer-me,
Na ténue luz do lamento.
Porque não tenho medo,
Porque quero descobrir.
Este tão tarde que é cedo,
Para me navegar o partir.
Sou a semente lançada,
No colchão térreo da noite.
Para surgir na madrugada,
Seara ceifada pela foice.
Mas continuo a ter sois,
Espreitando-me na alma.
Ventos alvos, velas, lençóis,
Buscando marés de calma.
terça-feira, 1 de dezembro de 2015
Post.it: Estive sempre lá
Estamos
em Dezembro, o ano aproxima-se do seu términos, desejamos este fim pela esperança
de um recomeço para o próximo ano, desejamos que não acabe, quando ainda falta
tanta coisa para fazer neste ano. No entretanto, algures entre a espera do sono
e o começo do sonho pensamos…
Talvez
tenha sido curto o tempo, é sempre pouco para aquilo que gostamos. Então
reclamamos, queremos mais, queremos repetir. Queremos voltar a sentir. Que o
tempo regresse ao passado, que o passado seja novamente presente e o futuro a
sua eterna reprodução. Queremos existir de novo, voltar a estar nesse lugar, com
essa pessoa. Mas as primaveras partem, logo, logo chega o inverno com tal
ansiedade de que ele nos seja leve e rápido nem sentimos que pelo meio
floresceram outras estações. Estações de mar, de céu azul, de sol luminoso.
Estações de despedida para que a natureza renasça, onde os dias cheiram a erva cortada rente, a
folhas secas são levadas pelo vento. Temos tanta pressa de chegar a esse lugar
algures no desconhecido, que, quando nos cruzamos com ele, não o reconhecemos.
Na verdade, não estamos prontos para lhe dar as boas-vindas, para o acompanhar.
As marés partem, os dias adormecem, os luares suspiram por reencontros que
rapidamente ofuscam a madrugada.
De
repente, cresce-nos no peito uma ausência, um vácuo de sonhos que nos
esquecemos de sonhar enquanto construíamos outros para momentos perdidos no
horizonte. Questionamos os anos, questionamos a nossa história, questionamos o
que somos desencontrados do que queríamos ser. A mágoa enche-nos o peito,
afoga-nos os sentidos. E no instante exacto em que a felicidade nos quer fugir,
estendemos o braço, circundamo-la num abraço. Não é verdade que tudo tenha sido
mau, triste, fugidio, não é verdade que colecionámos fracassos, temos alguns,
muitos, sucessos, tantas e tantas razões para perceber que ela esteve, quase
sempre presente e que nós, que eu ao longo do meu viver “existi nos melhores
momentos que pude”.
terça-feira, 24 de novembro de 2015
Passos
Para
sermos o que somos.
Antes
de sermos semente,
Antes
de sermos um feto,
Ou
caminho de doces afetos.
Quem
nos diz por onde seguirmos,
Ou
nos revela para onde vamos,
O
quanto custa para se ser gente.
Ou
para se alcançar um teto,
Num
mar de afundados projetos.
E
tudo o resto são apenas passos,
E
tudo o resto são ávidos desejos,
Pequenos
nadas que nos são tudo.
Quando
são tudo o que nos resta,
Nesta
pretensão de vaga miragem,
Afinal
somos nómadas cansados,
Afinal
somos pastores de sonhos,
Tudo
o que queremos é o mundo,
Para
nele celebrarmos a festa,
Do
viver com a nossa coragem.
segunda-feira, 16 de novembro de 2015
Post.it: O nosso mundo
Por vezes o mundo parece-me pequeno, demasiado pequeno, que
as fronteiras me sufocam, que aqui e ali me acotovelo com outras nações que
passam por mim indiferentes na sua ânsia de chegar a algum lugar mais feliz,
mais pacífico, sem guerra, sem fome, sem sonegação dos direitos humanos, sem discriminação
das mulheres, sem xenofobia, sem racismo,
sem politiquices e tudo em nome da
democracia, da liberdade, tudo em nome de Deus, um Deus que muda de nome, de
valores, de amores e causa tantos, demasiados horrores.
O passado remoto ou próximo está cheio destas tristes
memórias. E o mundo que dantes me parecia enorme, que pouco ou nada sabia dele,
que pouco ou nada me tocava, tornou-se minúsculo, tão minúsculo que o que
acontece a milhares de quilómetros me entra pela casa adentro, ressoa pelas
paredes da sala e o sofá que me era tão confortável torna-se doloroso, de
repente, aquelas imagens invadem-me os olhos, espantam-me a boca que não
consegue soltar qualquer som, enquanto no cérebro os pensamentos gritam-me não
sei que palavras de estranha dor.
Lá fora continuam os gritos, o terror, o
temor, aqui na minha sala, o silêncio questiona tudo, questiona o mundo,
incapaz de obter uma resposta pelo sofrer global da humanidade, restam-me as
lágrimas as minhas, as vossas; será que Deus poderá alguma vez secá-las? Do
rosto sim, mas da alma irremediavelmente ferida pelas vidas violentamente roubadas,
nunca.
sexta-feira, 13 de novembro de 2015
Post.it: Até um dia...
Há
sempre algo que fica por dizer, algo que fica por fazer, mesmo quando achamos
que dissemos tudo, que estivemos sempre presentes, que demos tudo o que
poderíamos dar. Há sempre algo, e é esse algo que nos dói profundo no peito. É
esse algo que nos aumenta a saudade, que nos deixa inquietos, revoltados, até
mesmo zangados com a vida no que ela é
de tempo. Afinal bastava, talvez, mais um dia, aquele em que poderíamos ter feito o
que ficou por fazer. Bastava aquele abraço, aquele adeus que acabámos por não
dar. Mas a verdade é que mais um dia, um mês, um ano, qualquer tempo, nunca
chegaria, porque temos sempre muito mais para dar.
Perante
aqueles que amamos, o que temos para dar em termos de amizade e de carinho,
nunca se esgota. E depois, passe o tempo que passar, mesmo quando sabemos que
cada momento pode ser de quase partida, nunca lhe poderemos dizer adeus. Riscámos
essa palavra do nosso dicionário de existência, apagámo-la do nosso coração
a partir do momento em que abrimos a porta a essa pessoa, ela entrou e nele permaneceu
e permanecerá.
Querida
professora, as suas aulas não foram somente lições de filosofia, foram sobretudo
lições de vida e houve uma frase, entre muitas outras, que me disse num dia particularmente difícil, e que ainda hoje quando necessito, a ela recorro “Lembre-se de esquecer”.
Eu tento, tento esquecer tudo o que me magoa, mas
nunca esquecerei o que me fez feliz, nem as pessoas que para isso contribuíram
e nas quais a incluo. Admirei sempre a sua atitude de coragem, “ o que não
podemos curar devemos suportar”. Ambas sempre fomos Kantianas por isso
despeço-me com uma frase desse filósofo, para atenuar a mágoa do caminho. “Se
vale a pena viver e se a morte faz parte da vida, então, morrer também vale a
pena” e nesta fé, despeço-me até um dia, para então, retomarmos as nossas
conversas filosóficas.
quinta-feira, 12 de novembro de 2015
Post.it: Liberdade
Liberdade,
o maior bem que a vida nos dá. Uma liberdade que nasce connosco, que nos é inata,
que nos é inerente ao processo natural de crescer. Uma liberdade vivida,
sentida com todos os sentidos.
Uma
liberdade que nos abre janelas quando encontramos as portas fechadas. Que nos
permite ver o horizonte por entre as frestas das montanhas. A liberdade de
navegar mesmo que tenhamos de remar contra a maré. De caminhar de atingir
metas, mesmo que tenhamos que ir a pé. A liberdade de voar com o peito aberto
aos desafios, mesmo que nos cortem as asas.
Sim,
somos livres, apesar de todas as prisões, de todas as limitações. De todas as restrições
sociais, das determinações culturais, das delineações políticas. Somos livres,
apesar de todas as fronteiras naturais e humanas. E a nossa liberdade acontece
a cada passo que damos, quando optamos por seguir esse destino. Acontece sempre
que dizemos sim à justiça, sempre que negamos o preconceito, sempre que abrimos
os braços e abraçamos uma causa em defesa do bem comum, em prole da felicidade.
Temos
a liberdade de ficar, de partir, de chorar, de rir. Temos a liberdade de
acreditar, temos a liberdade de ser o que somos.
Mas
se nos roubarem a liberdade de existir, de escolher, de lutar, de vencer. Nós,
humanidade nunca desistimos, enquanto tivermos, a liberdade de desejar.
segunda-feira, 9 de novembro de 2015
A vida tem dias...
Que
parece que não se gasta.
Outras
vezes é-nos água fria,
Que
nos magoa e desgasta.
Tem
dias que nos acorda luzindo,
Com
sol por dentro e por fora.
Tem
dias que lá vamos iludindo,
Para
que de nós não se vá embora.
Mas
depois há aquele sorriso,
Mas
depois há aquele abraço,
Que
nos eleva ao doce paraíso,
Que
afasta de nós o cansaço.
E
aos dias que são de pranto,
E
aos dias vazios e sem calor.
Outros
há que são de encanto,
Muitos
há que são de amor.
Na
vida todos os dias são novidade,
Entre
momentos alegres e tristonhos.
Por
vezes vislumbramos a felicidade,
Nem
que seja no mundo de sonhos.
quarta-feira, 4 de novembro de 2015
Post.it: Ainda ontem...
Ainda
ontem tinha 18 anos, o rosto resplandecente de sorrisos, os cabelos castanhos
de seara ao vento. Subia as montanhas em corrida, saltava riachos, subia às
arvores mais altas sem medo da queda. O tempo era lento demais para os meus
passos e as estradas as únicas decisões difíceis de tomar.
Ainda
ontem tinha 18 anos, não tinha cansaço de tudo, as letras não me fugiam dos
olhos, os ossos não me doíam no final do dia, os cabelos não se tornavam veios
brancos aumentando e conquistando espaço numa luta desigual com os escuros que
vão pacificamente aceitando a derrota. Os pensamentos não me magoavam, os
sonhos ainda se concretizavam sem se tornarem bolas de sabão explodindo antes
mesmo de adquirirem contornos palpáveis.
Ainda
ontem tenho 18 anos olhava os rostos conhecidos com expectante angustia por os
ver a mudar, a murchar nos sulcos marcantes de cada dia, por olhar para olhos
que empalideciam, por lhes notar os sorrisos cada vez mais retraídos, as mãos
que já não apertam com a mesma força de esperança que antes lhes conheci.
De
repente olhei-me no espelho, espantei-me, esses rostos eram em tudo o meu.
Ainda
ontem tinha 18 anos, corria, caia, levantava-me, sorria e seguia, como se nada
importasse, com se nada me atingisse, sentia-me heroína e escritora da minha
própria história.
Ainda
ontem tinha 18 anos, amava, chorava, conquistava, era feliz, tão feliz e não o sabia.
Tu,
que te estreias agora nos 18 anos, parabéns e peço-te nunca os percas,
guarda-os no peito como se fosse (e é) o mais doce tesouro que temos na vida,
vive-os com o sentido de eternidade, de lealdade, de vontade, de liberdade para
que, daqui a alguns anos os sintas ainda em ti, como felicidade e não com resignada
saudade.
segunda-feira, 2 de novembro de 2015
Post.it: Cada vez mais distante
-
Como está o nosso amigo?
-
Cada dia mais distante.
À
velha e eterna questão que leva a vida para o seu final, nunca me tinham
respondido assim, com tal serenidade, a quietação de quem aceita a partida ou
com tranquilidade por quem parte.
Um
tema que a todos parece assustar de uma ou de outra forma, dito desta maneira,
sentido assim, tudo suaviza, pacifica, concilia com a sensação leve de viagem.
É certo que sempre foi um caminho, um percurso individual mesmo quando colectivo porque é de todos, um percurso de altos e baixos, de curvas e contracurvas.
Mas
dizerem isto assim, deu-me outra consciência, a plena noção de que não tem de
ser necessariamente mau, doloroso, angustiante. Que não temos que ficar vazios
dos outros, quando afinal fomos por eles tão preenchidos.
Como
quem agarra uma onda, aprisiona-a na mão fechada, vê-a, sente-a a escoar-se por
entre os dedos, não morre, simplesmente fica de nós cada dia mais distante.
É
a transição do que somos, o aqui e ali onde paramos, ficamos, dando,
partilhando e depois seguimos viagem.
Há
quem tenha uma meta e a persiga na tentativa de a tocar. Há quem simplesmente
prefira o viver, no prazer da viagem sem projectar mais além o objectivo de
chegar porque sempre acabamos por chegar a um tempo, a um lugar. O enigma
torna-se a grande e por vezes maravilhosa surpresa da passagem por locais,
pessoas, a incógnita das vivências que todos nós conhecemos em qualquer momento
da vida.
Partimos? Acredito, ou melhor preciso
de acreditar que não, só se nos esquecermos, só se formos esquecidos, só vamos ficando
cada vez mais distantes…
quinta-feira, 29 de outubro de 2015
Post.it: Olá...?
-
Olá, onde estás? Lembro-me de nós quando
o tempo pára por instantes numa longínqua recordação. A pergunta eleva-se
no pensamento, e o silêncio é a única e dolorosa
resposta. Por tudo o que se passou entre nós, porque naquele momento se
acreditou que o tempo era infinito. Que tudo podia acabar e recomeçar vezes sem
conta. Que tudo estava bem, ou iria ficar, tudo era nosso e o futuro era uma
estrada florida à nossa espera.
Porque
fazia parte de mim e porque depois de
tudo se tornou uma ausência? A dada
altura adquire-se a noção de que um pouco do que se é, a determinada altura se
perdeu algures pelo caminho.
-
Olá, onde estás? Tenho ainda o teu
número mas nem vale a pena ligar, de certeza que já não é o mesmo. De certeza
que já não somos os mesmos. Há coisas que são de um lugar, que são de um tempo,
de um momento e que por mais que tenham sido bonitos, já não voltam. Não podem
voltar, até porque mudámos, crescemos e a beleza que víamos, que sentimos naquela altura é tão diferente da
que hoje conseguimos ver e sentir.
Perdemos a ingenuidade, trocamo-la pela “maturidade”, repetimos como forma de
reconforto. Mas, não sei, não sei se não trocaria toda a aprendizagem, todo o
viver, por toda aquela doçura, por toda aquela ternura que nos dá o acreditar, o sonhar. Por aquele brilho do
olhar, por aquele sorriso espontâneo, por toda a esperança, por toda a ilusão,
por todas as sensações que nos fervilhavam no coração.
-
Olá, onde estás? Quem sabe feliz,
quem sabe infeliz, será que ainda te
lembras de mim, será que tens saudade de nós? Será que também te perdeste de
quem eras, será que amadureceste, envelheceste, que as rugas apagaram o teu
sorriso que ainda recordo menino, será que o teus olhos ainda são sois e à noite
luares, será tens o mesmo forte abraço, será que ainda acreditas e fazes os
outros acreditarem que o mundo é um lugar perfeito?
-
Olá, onde estou? Será que alguma vez te perguntas?
Estou
aqui, aparentemente tão perto, certamente tão longe do que fomos. Lembro-me de
ti, lembro-me sobretudo de nós e tenho saudades, infinitas saudades de mim de quando
eramos entusiasticamente e candidamente nós.
segunda-feira, 26 de outubro de 2015
O Sol à Lua
O teu nome é Navegar,
E sendo nós ondas de um
mesmo mar,
Nunca na costa nos iremos
encontrar.
O teu nome é Sonhar,
E sendo nós estrelas do
mesmo luar,
Nunca a noite nos irá
embalar.
O teu nome é Amar,
E sendo nós corpo do
mesmo caminhar,
Nunca o nosso ser se irá
enlaçar.
Porque o mar é tão ampla imensidão,
Porque o luar revela ao
céu demasiadas fases
Porque o corpo tem um único
coração.
Mesmo que as ondas sigam
o rumo certo,
E as estrelas continuem a
ser brilhantes luzes,
O abraço que demora torna-me
deserto.
terça-feira, 20 de outubro de 2015
Post.it: O outro
O outro será sempre o outro porque não é eu.
E eu sou diferente do outro, por vezes, demasiadas vezes lhes indiferente. O
outro, esse que julgo, que me julga. Que se sente melhor, ou até mesmo
superior, e não sinto isso eu também? Então critico, sou criticada e nesse jogo
de desresponsabilização cresce feroz um ego magoado ganhando nome: Aceitação.
Porque no fundo, mesmo que bem lá no fundo, só queremos ser aceites, tal como
somos. Nas coisas semelhantes, mas sobretudo nas diferenças. Afinal que culpa
temos, dos genes que herdámos, das células que nos definem, da sociedade que
nos moldou, do bairro onde crescemos, dos bolsos vazios, dos sapatos rotos, do
ar desalinhado. Quem nos olha com o coração de ver e vê a alma pura e límpida
que temos?
Adultos, jovens, crianças, vidas escritas a
cada passo, por cada sim, por cada não. Então alguém ousa perguntar aos mais
jovens o que têm de negativo os adultos. “O seu egoísmo e individualismo, o seu
gosto mórbido pelo dinheiro, pensarem que já sabem tudo, a falta de esforço
para entenderem os jovens e os seus problemas, a negação quase sistemática ao
diálogo”. É a vez de fazer colocar esta mesma questão aos adultos na relação
com os mais jovens, não vale a pena referir o que respondem, é uma quase
perfeita cópia do que os jovens disseram sobre eles. Estranha esta coincidência
de opiniões, ou talvez não.
A grande diferença é que os jovens acusam os
adultos de já não sonharem. Enquanto os adultos acusam os jovens de ainda não
terem aprendido a sonhar.
Falta fazer a ponte, seja qual for a
distância. Falta dar o passo em direcção ao outro e compreender definitivamente de que para o
outro, nós somos é que o somos o outro.
Falta reconhecer o percurso da felicidade no
exercício da liberdade individual e colectiva e compreender que “A Liberdade
consiste em fazer tudo que não prejudica os outros” (Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão).
Porque o outro será sempre o outro, que um
dia encontre em si o Eu.
Por fim, falta que uns não percam a capacidade
de sonhar e que outros a encontrem muito em breve.
sexta-feira, 16 de outubro de 2015
Saudade e esperança
que ainda
não se despediu da esperança
e que em nós se aconchega,
como
se lhe fossemos caloroso um ninho.
O que
seriamos sem a saudade?
O que
seriamos sem a lembrança?
Sobretudo
o que seriamos sem a esperança?
Nada
mais do que um barco à deriva
num
oceano sem terra vislumbrar.
Nada
mais do que passos perdidos
numa estrada ainda por desenhar.
Nada
mais que o eterno silêncio
repleto
de todos os ecos por inventar.
Saudade,
nunca nos abandones,
só tu
nos deixas inteiros, de passados
que nos são o destino de cada amanhã.
Lembrança,
que nos conta quem somos.
Esperança,
que é caminho por onde vamos.
E nas
asas de cada ano que nos foge
para regressar ao seu infinito,
eis o futuro que nos é quase vida.
terça-feira, 13 de outubro de 2015
Esse olhar...
Esse
olhar que o rosto sorri.
Tornaria
o meu caminhar,
Mais
feliz por estar aqui.
Esse
olhar pousado no meu,
Fala
sem palavras pronunciar.
Parece
até que adormeceu,
Antes
da noite se deitar.
Esse
olhar que é quanto basta,
Quando
atentamente olhado,
Diz
à solidão que de nós se afasta.
Que
esse olhar é quanto basta,
Que
quando atentamente amado,
Deixa
no peito uma paixão casta.
terça-feira, 6 de outubro de 2015
Post.it: Déjà vu
Por vezes vem-me à memória uma lembrança, uma vontade de
ser outro ser. De tocar a felicidade que sinto conhecer sem a ter vivido. Por
vezes há uma nuvem que me lembra um rosto que não conheço. Há uma brisa que
chama por um nome que nunca pronunciei. Sonho até um sonho que pressinto não ser
meu.
De vez em quando sinto o cheiro de uma flor que nunca
toquei em primavera alguma.
É uma lembrança que me vem silenciosa com uma folha que
tomba do ramo de uma árvore despida e que na sua quietude me chama. Passo na
rua apressada como se o relógio me roubasse as horas, mas eis que algo me
detém, um tempo, um momento, a orla de um instante que nem sei se é ou sequer se
alguma vez será meu.
É uma lembrança que parece chegar de longe, mas que me
toca de perto, como se fosse de ontem, de agora, de um futuro longínquo que já
se foi embora. Mas de onde, de quando, minha, de quem?
Será daquele alguém, que passando por mim me faz parar
mas não se detém, será daquele olhar cruzado que esmorece calado? Será um eco
do bater do seu coração, a nostalgia de um qualquer momento seu, ou apenas uma
mensagem que viaja pelo cosmos em busca de si, de mim, de algum de nós e que
sem se desvendar nos deixa de novo sós. Pergunto-me uma, mil vezes, quem a
envia, para quem a envia que não a recebe?
Por vezes dança-me na
memória a volúpia de um pensamento, (quem me dera concretizar esta lembrança órfã
de afectos), perdida algures na eternidade finita da vida, alcançar a velha
esperança de que um dia me possa finalmente em alguém (re)encontrar.
Contudo a memória já me vai atraiçoando, o
vento já me rouba o mar suspirante dessa lembrança. E num bater alongado de
asas, ela parte para lugar incerto rasgando os laços de esperança com que a
prendi ao meu peito.
sexta-feira, 2 de outubro de 2015
Voto
Voto na Paz.
Voto num Governo capaz.
Voto na Alegria.
Voto pela Liberdade.
Voto na Fantasia.
Voto na Solidariedade.
Voto pela abolição do imposto.
Voto dando voz à Razão.
Voto que o Bem seja
proposto.
Voto em nome do Coração.
Voto com toda a Coragem.
Voto para que vença a
Verdade.
Voto para ser feita a
Viragem.
Voto que ganhe a Amizade.
Voto com ou sem
aliança.
Voto para que o voto
seja Maioria.
Voto no futuro de
cada Criança.
Voto para que seja
forte a Minoria.
Voto e elejo o meu
país.
Voto para que nada
corra mal.
Voto para aqui ser
feliz.
Voto para que vença
Portugal.
quinta-feira, 1 de outubro de 2015
Coração
Por
vezes é um pântano,
Pode
ser muito bonito,
E até florir todo o ano.
O
coração é uma casa,
Uma
porta sempre aberta,
E
se do ninho solta a asa,
Nunca
vai para parte incerta.
O
coração é um mar,
Um
oceano de esperança,
Onde
se pode naufragar,
E
ser salvo pela lembrança.
O
coração é um mundo,
Onde
só uma certeza persiste.
Dure
uma vida ou um segundo,
A
felicidade sempre nele existe.
segunda-feira, 28 de setembro de 2015
Tudo é transitório
Os amigos passam,
Os sonhos passam,
Os anos passam,
Só as árvores ficam.
Que as raízes permaneçam,
Nos amigos que venham,
Nos sonhos que nasçam,
Nos anos que nos chegam.
Mas para isso é preciso,
Encontrar no solo a
fertilidade,
Encontrar no sol o
sorriso.
Na mão que a planta o
calor,
Na semente plantada a
lealdade,
Na vida que a acolhe o
amor.
quinta-feira, 24 de setembro de 2015
Post.it: Bem-vindo Outono
Gosto do Outono,
das folhas caídas, das árvores despidas. Deste adeus que não chega a ser uma
despedida mas um virar de página, um virar da folha.
Gosto das
horas serenas, das tarde intensas, do pôr-do-sol que acontece no momento exacto
em que o cansaço nos envolve, quando a paz do dia desenha no horizonte a amena oferta
de um manto de estrelas.
Gosto das
mangas que vão crescendo envolvendo os
braços nus e aconchegando o corpo com a suavidade do algodão.
Gosto das
bebidas quentes que vão substituindo os sumos gelados.
Gosto das
noites longas aninhada no sofá com um livro que nos fala de vidas, aquelas que
sonhámos para nós e do final feliz que ainda não nos aconteceu.
O Outono é-me
uma nova e diferente primavera, com tons de nostalgia, com cores de saudade.
Há um
silêncio no Outono que me aquieta os sentidos enquanto o pensamento com pontes de passado vão construindo o futuro.
Talvez tudo
me toque serenamente nesse quase outono de vida, num caminho de flores
nascidas, de árvores erguidas, de folhas amarelecidas.
De repente
torna-se mais luzente a noção de que tudo é transitório, que é preciso sentir o
tempo, cada época no que tem de generosa beleza. Que importa o calor do verão,
já não me incomoda porque sei que também ele passa, que importa a morte das
folhas se vão de novo renascer na Primavera, que importa a chuva se a terra
precisa dela para voltar a florir.
Aqui estou,
aqui estarei, sem medo do infinito, mesmo que as minhas folhas se libertem,
mesmo que os sentimentos se desnudem, as próximas estações continuarei a vivenciar.
segunda-feira, 21 de setembro de 2015
Post.it: Tal numa outra vida
Há
coisas que nos parecem tão óbvias que quando não acontecem nos deixam sem rumo,
sem palavras, sem sonhos, quase que sem chão. Tornam-se miragens, tornam-se
utopias, fantasias, histórias que o vento nos contou mas como era do vento, no
vento voou sem se concretizar.
Incrédulos
por ver o navio passar, por observar aquela nuvem a desvanecer-se, por sentir a
hora a completar-se sem o despertador das coisas boas que podem acontecer,
tocar nas nossas vidas.
Pousa-se
a mão cansada de acenar, no que era um olá mas que se transformou em um adeus.
Param-se os passos que outrora correram impulsionados pela esperança. Cala-se a
voz depois de ter dito todas as palavras que ninguém escutou.
Que
fazer? Inspirar-se nas páginas dos jornais, gritar, apontar uma arma, atirar
âncoras que prendam ao fundo do mar, amarrar um corpo para que fique igualmente
prisioneiro o coração? Ser mais um a tornar-se notícia de um “crime passional”?
Não,
mil vezes não, abençoado anonimato de quem age com alma branda, com
desprendimento, recolhimento, aceitação; com dor, sim dor, porque sempre dói a
perda, mesmo que seja o fim do que no fundo, só em nós começou, só em nós
existiu.
“Talvez numa outra vida”, diz-nos uma voz interior que não nos quer roubar a uma última
centelha de alento. “Sim, quem sabe”,
repetem os lábios num sussurro esbatido de eco cada vez mais longínquo.
Ao
meter as mãos nos bolsos, não procura nada neles mas encontra uma última
recordação do seu querer, uma concha, aquela que recolheu na praia onde
idealizou que caminhariam lado a lado, de mãos entrelaçadas por um futuro
luminoso, devolve-a ao areal, quem sabe ela tenha mais sorte e encontre algures
o complemento da sua existência.
Quanto a si, vai repetindo até que a memória lhe
roube as células da lembrança, “talvez numa outra vida”….
segunda-feira, 14 de setembro de 2015
Post.it: Qual o plural de melhor amigo?
Fazem-me
cada pergunta… Olho desconfiada para o meu interlocutor, deve haver por aí alguma
rasteira, é o meu primeiro pensamento. Mas ainda assim ponho os neurónios todos
a trabalhar. Uma e outra resposta vêm-me à mente, mas será a certa? Haverá
certa? Uma só? Talvez várias, segundo as interpretações, segundo, talvez, os
corações.
Qual
o plural de melhor amigo? Gramaticalmente “melhores amigos”, óbvio, fácil,
demasiado fácil para me ter chegado em forma de pergunta. Afinal a questão não
é assim tão simples, porque “todos são melhores amigos”. Imagino o coro de
vozes discordantes que esta afirmação levantou, pessoas sempre cépticas de que
o melhor amigo possa existir em número considerável, bom, talvez com a sua
parcela de razão, mas passo então a explicar, todos são os melhores amigos de
alguém, formando assim no seu vasto conjunto (muitos) “melhor amigo”.
Ainda
me parece fácil ser este o desenredo, o melhor é adensar a questão,
aprofundar o caso, se quisermos ir mais
longe na aparente vã filosofia.
De
tão cheia de incertezas, eis que uma certeza começou a emergir, primeiro o óbvio
de que não há apenas uma resposta. Mas o meu interlocutor queria uma, a sua, e
pareceu-me satisfeito com a que lhe dei.
À
pergunta, qual o plural de melhor amigo, apenas conseguimos responder com a fidelidade do sentir, “o melhor amigo é
único”, por isso nunca existirá um plural para esta frase, esta expressão, este
reconhecimento, este merecimento.
E
mesmo que o sejam apenas no singular, felizmente que (o) temos.
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