Gosto do Outono,
das folhas caídas, das árvores despidas. Deste adeus que não chega a ser uma
despedida mas um virar de página, um virar da folha.
Gosto das
horas serenas, das tarde intensas, do pôr-do-sol que acontece no momento exacto
em que o cansaço nos envolve, quando a paz do dia desenha no horizonte a amena oferta
de um manto de estrelas.
Gosto das
mangas que vão crescendo envolvendo os
braços nus e aconchegando o corpo com a suavidade do algodão.
Gosto das
bebidas quentes que vão substituindo os sumos gelados.
Gosto das
noites longas aninhada no sofá com um livro que nos fala de vidas, aquelas que
sonhámos para nós e do final feliz que ainda não nos aconteceu.
O Outono é-me
uma nova e diferente primavera, com tons de nostalgia, com cores de saudade.
Há um
silêncio no Outono que me aquieta os sentidos enquanto o pensamento com pontes de passado vão construindo o futuro.
Talvez tudo
me toque serenamente nesse quase outono de vida, num caminho de flores
nascidas, de árvores erguidas, de folhas amarelecidas.
De repente
torna-se mais luzente a noção de que tudo é transitório, que é preciso sentir o
tempo, cada época no que tem de generosa beleza. Que importa o calor do verão,
já não me incomoda porque sei que também ele passa, que importa a morte das
folhas se vão de novo renascer na Primavera, que importa a chuva se a terra
precisa dela para voltar a florir.
Aqui estou,
aqui estarei, sem medo do infinito, mesmo que as minhas folhas se libertem,
mesmo que os sentimentos se desnudem, as próximas estações continuarei a vivenciar.
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