Por vezes o mundo parece-me pequeno, demasiado pequeno, que
as fronteiras me sufocam, que aqui e ali me acotovelo com outras nações que
passam por mim indiferentes na sua ânsia de chegar a algum lugar mais feliz,
mais pacífico, sem guerra, sem fome, sem sonegação dos direitos humanos, sem discriminação
das mulheres, sem xenofobia, sem racismo,
sem politiquices e tudo em nome da
democracia, da liberdade, tudo em nome de Deus, um Deus que muda de nome, de
valores, de amores e causa tantos, demasiados horrores.
O passado remoto ou próximo está cheio destas tristes
memórias. E o mundo que dantes me parecia enorme, que pouco ou nada sabia dele,
que pouco ou nada me tocava, tornou-se minúsculo, tão minúsculo que o que
acontece a milhares de quilómetros me entra pela casa adentro, ressoa pelas
paredes da sala e o sofá que me era tão confortável torna-se doloroso, de
repente, aquelas imagens invadem-me os olhos, espantam-me a boca que não
consegue soltar qualquer som, enquanto no cérebro os pensamentos gritam-me não
sei que palavras de estranha dor.
Lá fora continuam os gritos, o terror, o
temor, aqui na minha sala, o silêncio questiona tudo, questiona o mundo,
incapaz de obter uma resposta pelo sofrer global da humanidade, restam-me as
lágrimas as minhas, as vossas; será que Deus poderá alguma vez secá-las? Do
rosto sim, mas da alma irremediavelmente ferida pelas vidas violentamente roubadas,
nunca.
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