Ainda
ontem tinha 18 anos, o rosto resplandecente de sorrisos, os cabelos castanhos
de seara ao vento. Subia as montanhas em corrida, saltava riachos, subia às
arvores mais altas sem medo da queda. O tempo era lento demais para os meus
passos e as estradas as únicas decisões difíceis de tomar.
Ainda
ontem tinha 18 anos, não tinha cansaço de tudo, as letras não me fugiam dos
olhos, os ossos não me doíam no final do dia, os cabelos não se tornavam veios
brancos aumentando e conquistando espaço numa luta desigual com os escuros que
vão pacificamente aceitando a derrota. Os pensamentos não me magoavam, os
sonhos ainda se concretizavam sem se tornarem bolas de sabão explodindo antes
mesmo de adquirirem contornos palpáveis.
Ainda
ontem tenho 18 anos olhava os rostos conhecidos com expectante angustia por os
ver a mudar, a murchar nos sulcos marcantes de cada dia, por olhar para olhos
que empalideciam, por lhes notar os sorrisos cada vez mais retraídos, as mãos
que já não apertam com a mesma força de esperança que antes lhes conheci.
De
repente olhei-me no espelho, espantei-me, esses rostos eram em tudo o meu.
Ainda
ontem tinha 18 anos, corria, caia, levantava-me, sorria e seguia, como se nada
importasse, com se nada me atingisse, sentia-me heroína e escritora da minha
própria história.
Ainda
ontem tinha 18 anos, amava, chorava, conquistava, era feliz, tão feliz e não o sabia.
Tu,
que te estreias agora nos 18 anos, parabéns e peço-te nunca os percas,
guarda-os no peito como se fosse (e é) o mais doce tesouro que temos na vida,
vive-os com o sentido de eternidade, de lealdade, de vontade, de liberdade para
que, daqui a alguns anos os sintas ainda em ti, como felicidade e não com resignada
saudade.
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