Estamos
em Dezembro, o ano aproxima-se do seu términos, desejamos este fim pela esperança
de um recomeço para o próximo ano, desejamos que não acabe, quando ainda falta
tanta coisa para fazer neste ano. No entretanto, algures entre a espera do sono
e o começo do sonho pensamos…
Talvez
tenha sido curto o tempo, é sempre pouco para aquilo que gostamos. Então
reclamamos, queremos mais, queremos repetir. Queremos voltar a sentir. Que o
tempo regresse ao passado, que o passado seja novamente presente e o futuro a
sua eterna reprodução. Queremos existir de novo, voltar a estar nesse lugar, com
essa pessoa. Mas as primaveras partem, logo, logo chega o inverno com tal
ansiedade de que ele nos seja leve e rápido nem sentimos que pelo meio
floresceram outras estações. Estações de mar, de céu azul, de sol luminoso.
Estações de despedida para que a natureza renasça, onde os dias cheiram a erva cortada rente, a
folhas secas são levadas pelo vento. Temos tanta pressa de chegar a esse lugar
algures no desconhecido, que, quando nos cruzamos com ele, não o reconhecemos.
Na verdade, não estamos prontos para lhe dar as boas-vindas, para o acompanhar.
As marés partem, os dias adormecem, os luares suspiram por reencontros que
rapidamente ofuscam a madrugada.
De
repente, cresce-nos no peito uma ausência, um vácuo de sonhos que nos
esquecemos de sonhar enquanto construíamos outros para momentos perdidos no
horizonte. Questionamos os anos, questionamos a nossa história, questionamos o
que somos desencontrados do que queríamos ser. A mágoa enche-nos o peito,
afoga-nos os sentidos. E no instante exacto em que a felicidade nos quer fugir,
estendemos o braço, circundamo-la num abraço. Não é verdade que tudo tenha sido
mau, triste, fugidio, não é verdade que colecionámos fracassos, temos alguns,
muitos, sucessos, tantas e tantas razões para perceber que ela esteve, quase
sempre presente e que nós, que eu ao longo do meu viver “existi nos melhores
momentos que pude”.
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