“Isto
está errado!”. Resposta – Temos pena. “Estão a violar os meus direitos!” – Temos
pena. “Não me dão solução!” – Temos pena. “Sou cidadã, mereço mais atenção!” – Temos
pena.
Irrita,
mas irrita mesmo, esta resposta que a nada responde. Vazia de conteúdo,
desprovida de sentido. Que nos deixa sem acção cada vez mais “roubados” por
dentro e por vezes também por fora.
Ainda
por cima é uma frase que nos mente porque na verdade ninguém tem pena. Não há
solidariedade por quem é atropelado por burocracias. Não há apoio moral a quem
lhe sonegam os direitos conquistados por uma vida de trabalho.
Não,
não têm pena, há muito que lhes cresceu uma indiferença “protectora”
justificam, para não confessarem a incapacidade de sentir alguma pena/dor
verdadeira por quem lhes pede um sentido quando já não vislumbram sentido algum
para o seu futuro.
Há
quem ainda entre no jogo e num jacto de raiva incontida responda tentando
imitar o tom “penas têm as galinhas”.
Claro
que a minha “pena” entende o lado de quem está no atendimento ao público, que
ouve vezes sem conta as mesmas queixas, a mesma revolta, com a mesma impotência
para lhe dar um melhor desfecho.
No
fundo, bem no fundo, apenas precisávamos de um sorriso, de uma palavra
conciliadora, mesmo que depois se partisse sem a solução mas com o peito aconchegado não por
penas mas por um pouco do outro em nós, esse pedacinho de algo a que chamamos esperança. Não tenham pena, sobretudo dessas penas que embora sejam muitas,
pela sua indiferença não nos permitem voar...