Porque
tudo o que escrevo é uma declaração de amor. Amor por tudo o que passa, por
tudo o que fica. Amor pela vida, por cada chegada, por cada partida.
E
porque espero por a resposta que um dia chegará nas asas do vento, ressoada
pelos ecos da terra, soprada pelos ramos das árvores.
Escrevo
porque espero uma resposta e deixarei de escreverei quando ela chegar. Passarei
a viver esse amor, que escrevi durante anos e séculos de existência, não
somente minha, mas unida a tantos outros escritores que escreveram em busca
dessa mesma resposta e que desenharam uma ténue linha do horizonte, formada por
todas as palavras, por todas as expressões, por todas as declarações infinitas
desse amor, que nos faz continuar a escrever para que quem lê, se possa
encontrar nas páginas que folheia. Para que possa desvendar o nosso coração
palpitante de emoção, que lhe corresponda e lhe responda rasgando o silêncio de
“100 anos de solidão”. E entenda neste
“Livro das confissões”, a grandiosidade deste “Coração, solitário caçador”, que
foi continuamente “Deixado para trás”, “Em busca do tempo perdido”, quantas
vezes a “Falar a verdade a mentir”.
Mas
em cada Primavera ficaram as “Flores sem fruto” e em cada Outono apenas as
“Folhas caídas”.
Até
chegarmos a um Inverno, “E tudo o vento levou” até esse “Livro do desassossego”
que ainda acreditou numa “Luz em Agosto” e permaneceu em “Mil noites de espera”
ansioso por resplandecer “Na tua face”
Mas
mais uma vez fecharam o livro, mais uma vez calaram-lhe a alma, e emudeceram o sentimento com que foi
escrito. Todas as declarações de amor, todos os beijos, todos os abraços
ficaram na “Sombra do vento”, algures num “Labirinto perdido”, que se chama
simplesmente, “Saudade”.