“Não
há amor como o primeiro” Diz a sabedoria popular. A sabedoria do tempo que vai
ultrapassando gerações, que vai tocando vidas, que aqui e ali vai despoletando
novas emoções.
Mas
ainda diz quem sabe, que pode-se amar uma segunda, uma terceira, talvez até
mais…?
Mas
há um silêncio que responde apenas com o desviar do olhar, quando mergulha numa
onda e se deixa levar por uma maré de lembranças cada vez mais distante mas
insistentemente saudosas.
Já
não tanto desse amor sentido com todo o fulgor de um coração que acaba de o
descobrir aos 15, aos 18, aos 30 ou quem sabe aos 50, 60… A vida tem dessas
coisas, não as podemos adivinhar nas estrelas nem nas linhas da mão.
É
verdade que se pode amar de novo. Reafirma com convicção quem já amou mais de
uma vez.
A
resposta não se faz esperar, ela surge numa espécie de brisa, discreta, quase inaudível mas consistente no seu sentir magoado. “Depois do primeiro amor tudo será diferente,
já sabemos que os sentimentos não são eternos, que as palavras não são verdades
absolutas, que nem os sonhos são perfeitos. Perdemos a ingenuidade, perdemos a
esperança, perdemos a fantasia que nos faz acreditar no futuro, no nosso
futuro.
Depois,
já não há descobertas ansiosas por mais revelações, e há um constante sinal de
alerta, que nos prende à razão.
Que
nos agrilhoa o coração já não voar nos ternos enleios da paixão, começa-se a
dar passos pequenos, passos que sondam o seguinte e a firmeza do chão.
Em
cada começo há um pouco do final anterior. Em cada princípio há um fim que nos
ensombra o peito. E dizemos para nos desculpar, que faz parte do crescimento,
que é a maturidade dos sentimentos,
escondendo de nós esse nevoeiro que nos invade a alma, numa saudade de um amor
que já vivemos e sobretudo da pessoa que um dia fomos, límpida de ideais,
constante nos afectos, que conjugava o verbo amar num horizonte de infinito”.
No
entanto volta a erguer-se a voz da sabedoria com lições de vida que só o tempo
ensina, e, com uma firmeza que faz estremecer as nossas dúvidas. Eleva-se dos
confins oceânicos, ressoa dos choques tectónicos, clama do magma que explode em
vulcões de sensatez, “segue em frente!” Parecem dizer. “Não olhes para trás!”
Insistem. “Há uma página em branco à tua espera!”. E por fim quando as nuvens
se afastam, há um sol que nos parece sorrir, como se dissesse “Não há amor como
o primeiro nem tão feliz como o último”.
Quanto
a mim, confesso que nada sei, que nesta vida ainda não aprendi todas as lições,
mas o tempo que é tão velho que nem sabe o tempo que tem, deve saber o que diz,
por isso o melhor é seguir-lhe o conselho: "viver tudo como se fosse a primeira
vez e acreditar como se fosse a última".