Por
vezes, sou só eu e o pensamento num diálogo de silêncios. Porque já não é
preciso falar, já nos conhecemos há tanto tempo, já rasgámos a pele, já
partimos ossos nas quedas, já colámos os pedaços da alma, já recompusemos mil vezes
o puzzle do coração, já trilhámos juntos um caminho feito de momentos, muitos
que recordamos de quando em vez para sorrir, para chorar, antes que as
lembranças se tornem asas de tempo a perder-se pelo vazio do infinito.
Por
vezes, sou só eu e tu, numa solidão que precisamos de partilhar para nos
reencontrarmos no que fomos e planear o que seremos. Porque isto de viver à
toa, sem rumo nem beira, não nos leva a lugar algum e nós precisamos de partir
para ter onde regressar.
E
nesses encontros de nós em que estando, não nos sentimos sós, damos um abraço
de ideias, erguemos sonhos como bandeiras ao vento, gritando num eco de
ressonâncias, ainda um dia vivermos acordados os sonhos que o sono nos permite conhecer
a dormir.
Sei
que sim e tu também sabes, é uma certeza que nos faz permanecer aqui, que nos
faz levantar todos os dias a âncora da esperança para navegar por mares de
incógnitas, afinal, o sol continua a brilhar no horizonte, mesmo quando alguma
nuvem mais cinzenta lhe quer roubar a luz que nos energiza.
A brisa continua a
soprar mesmo quando o vento a insufla de vendavais. E as andorinhas regressam todos
os anos em bandos felizes para anunciar o renascer da natureza mesmo que o
inverno insista em nos gelar as madrugadas.
Sigamos-lhes o exemplo, e acreditemos
que a primavera voltará a florir e o coração a sorrir mesmo depois um final que
nos dá a oportunidade de um recomeço.
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