A
espécie humana é curiosa por natureza, tem nos seus genes a angústia
existencial de todos os porquês. Para sobreviver tenta a todo o custo construir
um sistema minimamente coerente que dê inteligibilidade à sua vida.
No seu
eterno dilema a razão cria raízes sólidas na terra enquanto a emoção o leva a
planos de ilusão ou talvez não. Sem se sentir verdadeiramente integrado num
universo que lhe permita semear e colher sementes de esperança, o ser humano
não consegue sobreviver. Ele tem de construir, de encontrar pontes, de
estabelecer laços comuns com os que o rodeiam. É aqui que o mito encontra
terreno fértil para se sedimentar, para ganhar força e sentido, para se tornar
real.
Mas também é aqui que a humanidade o desafia com as armas da ciência, com
os argumentos da experimentação. Tanto o mito como a ciência tentam explicar o
que existe, mas ambos são construções humanas, precárias, válidas enquanto
mantiveram a sua coerência. São semelhantes, são opostas.
A ciência desmitifica
o imaginário, mas só por si não chega para encher a alma do homem, ávido de
cores, de longínquo, de tudo o que ele tem no seu imaginário.
A
inter-relação existirá? Certamente que sim, a ciência desconstrói o mito, mas precisa
dele como ponto de partida na sua ânsia de verdade.
A ciência é quase magia que
se concretiza na experimentação e o mito será sempre uma aureola mágica da nossa
ancestralidade, da nossa história, da nossa cultura.
Não
pesquisem tudo, não descubram tudo, nãos destruam tudo, afinal, a maravilha da
humanidade está na capacidade que tem de criar utopias.
Porque na realidade mito e ciência não
existem, apenas existe o homem. Esse ser construtor compulsivo de verdades
científicas e sonhador impenitente de fábulas míticas.
Sem
verdades a vida é uma eterna incoerência de dúvidas mas sem sonhos, a vida
perece de tristeza.
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