Hoje
que o primeiro dia de verão nos presenteia com a sua chegada, que nos convida a
renascer das sombras e encher de sol a alma, lembrei-me de falar de um final de
verão…
Nasci,
quando o verão já se despedia, quando as andorinhas já ensaiavam os primeiros
voos da partida. O sol começava a deitar-se mais cedo e a lua pendurava-se de
mansinho no céu, enquanto as estrelas cintilavam com um olhar irrequieto que
contestava o precoce anoitecer. Nasci quando o verão já se despedia, quando
as férias acabavam e já cheirava a mochilas novas, a livros por estrear. Quando as
roupas coloridas eram de novo arrumadas para dar lugar a outras mais quentes e de mangas compridas, cobrindo o bronzeado, essa caricia do sol sobre o corpo, então, o pensamento levava-me para
luminosos areais e mares que no seu doce balanço me convidavam a um mergulho acalentador.
Mas chegara a hora de fechar as folhas do romance, aquele que sempre levo para
me fazer companhia numa fresca sombra, mas que nunca leio porque o espirito
ávido de aventura perde-se continuamente por entre a maresia da praia, o voo feliz das
gaivotas e a perfeita união entre o céu e o mar.
Nasci
quando o verão já se despedia, não que isso me entristeça, até porque gosto do
ciclo renovado da natureza, mas ficou-me na memória genética esta herança de
despedida que constantemente se repete no meu viver. E tudo aquilo que abraço
com fervor acaba um dia, mais tarde ou mais cedo por me deixar os braços vazios,
enquanto a lembrança fica cada vez mais repleta de saudades, por este
nascimento que surgiu quando o verão já se despedia.
No entanto, recolho as folhas de outono, seco as chuvas de inverno e abraço com alegria as flores da primavera enquanto aguardo a chegada do verão.
Porque em cada despedida haverá sempre uma nova chegada.
No entanto, recolho as folhas de outono, seco as chuvas de inverno e abraço com alegria as flores da primavera enquanto aguardo a chegada do verão.
Porque em cada despedida haverá sempre uma nova chegada.
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