Pós-de-bem-querer para partilhar/oferecer: Pensamentos, histórias, aprendizagens.Tudo o que acontece quando se vive e se ama a vida!...
segunda-feira, 31 de janeiro de 2022
Post.it: Este tempo que somos
segunda-feira, 24 de janeiro de 2022
Post.it: Leitor ausente
segunda-feira, 17 de janeiro de 2022
Que encontre...
Que encontre…
A riqueza na
maior pobreza,
O bem no meio
de tanto mal,
A certeza na
maior dúvida,
A beleza das
coisas mais feias,
A alegria na
maior tristeza,
A companhia
no meio da solidão,
A felicidade
algures na infelicidade.
A riqueza é
muito mais que ter bens materiais,
Há sempre
algo de bom até no que está mal,
A certeza
mais certa nasce sempre da dúvida,
A beleza está
na forma de cada um a olhar,
A alegria é a
estrada de saída da tristeza,
Basta uma mão
para afastar a solidão,
A felicidade
está algures no coração.
segunda-feira, 10 de janeiro de 2022
O nosso tempo
Não há tempo consumido,
Não há tempo a economizar.O tempo é todo vestido,
Do amanhecer ao luar.
O tempo é para viver,
O tempo é para gastar.
Algum pode-se entender,
Mas não há tempo a sobrar.
Nem o tempo mal gasto,
Em tempo de sonhar.
É um tempo com rasto,
Que fica para recordar.
O tempo é ele todo,
O que somos também.
Luz ou cais de lodo,
De todos e de ninguém.
Se eu tivesse mais tempo,
Para o sentir lento a
passar.
Correria como se fosse
vento,
Só para o tempo apanhar.
Mas o tempo é tempo certo,
Só ele sabe a sua
longevidade.
Antes que se torne um
deserto,
É tempo de o fazer de felicidade.
segunda-feira, 3 de janeiro de 2022
Quem me dera...
Quando a tristeza nos oferece,
Uma felicidade de alegria repleta.
De quem ao pintar escreve,
Com todas as cores da dor.
Que ama só por amar,
E afogar-me na suave paixão.
Para viver do sonhar,
E acreditar como criança.
segunda-feira, 27 de dezembro de 2021
segunda-feira, 20 de dezembro de 2021
História do Natal II
E ao mundo inteiro ela anunciou,
Nasceu o nosso Menino, o Salvador,
Que nos vai libertar de toda a dor!
Muitos para o local logo correram,
Perante Ele, reis e pastores se ajoelharam,
Que lhes ofereceu um sorriso abençoado,
Na noite fria, nas palhinhas deitado.
- Que história triste... Disse Nicolau,
Que era teimoso
como um pau.
- Mas gostei do seu final feliz, avó,
- Um Menino tão pobre que mete dó,
- E que um dia em toda a terra,
- Vai com amor vencer a guerra.
Foi com emocionado coração,
Que Nicolau com gentil compaixão,
Ali prometeu, que sempre a sorrir,
Viveria continuamente a repartir.
- Quando crescer, rico quero ser,
Para prendas a todos oferecer.
Terei um carro de renas voador,
Que vai pelo mundo a todo o vapor.
Depois à noite, chego pé-ante-pé,
E em cada casa desço pela chaminé.
Mas desde já um recado quero deixar,
Há condições para o que lhes vou dar,
Se forem todos bem comportados,
Receberão os presentes mais desejados.
A avó disse, acariciando-lhe a cabeça,
- Meu neto, que tudo isso aconteça,
- Que Jesus te cresça no coração,
- E que como Ele repartas amor e perdão.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2021
Post.it: História do Natal I
Há muito, muito tempo,
Numa terra cheia de lamento,
Vivia um rei que era feroz,
A todos perseguia com ódio veloz,
Um rei muito amado nasceria,
E que na data do advento,
Ele viria acabar com o tormento.
Maria e José, pais dessa criança,
Fugiram para proteger a esperança.
Ora se bem me lembro,
Era o dia 24 de Dezembro,
Era uma noite especial,
A mais bela noite de Natal,
No céu um manto estrelado,
Na terra um momento encantado,
José a pé, pelo imenso caminho,
Mas o cansaço já os vencia,
Terminaram por ali aquele dia.
Que Maria deitou o corpo cansado,
Mas as dores começaram a crescer,
O Menino parecia dizer - Quero nascer!
terça-feira, 23 de novembro de 2021
Post.it: Esquecidos
segunda-feira, 15 de novembro de 2021
Post.it: Renovação dos votos
Resta-nos o silêncio só interrompido por banalidades. E de repente o romance passa a ser preenchido por esse pequenos nadas, que nos alimenta a saudade de nós, como eramos dantes.
Onde nos perdemos? Talvez no reencontro desse novo nós. Curiosamente, não me magoa, esta nova situação. Acabo por a sentir tão doce, tão calma, é como se caminhasse no escuro sem receio, porque já conheço o caminho, cada sinuosidade, cada tonalidade. Os amigos dizem que nos acomodámos, mas dizem-nos como se isso fosse negativo.
Sim é verdade, o mundo perdeu as nuances vibrantes de cor, de calor, agora, vemos as coisas mais em tom pastel. O meu amigo Ferreira, homem das tiradas filosóficas repete em tom de sabedoria, “dantes perdíamos a calma, agora ganhamos a alma”.
Adormeço na mesma cama, há quantos anos? 50 anos, dizes resmungando, zangada por eu o ter esquecido. Não lembro as datas mas lembro os momentos, quando te vi pela primeira vez, de vestido amarelo dançando ao vento, lembro-me que sorriste e, a partir desse momento já não te ouvi, perdido que estava na tua visão.
segunda-feira, 8 de novembro de 2021
Post.it: Ver novas todas as coisas
Quantas vezes olhámos para algo de uma maneira, mas que num outro momento nos pareceu diferente, nos transmitiu sensações distintas.
Quantas vezes lemos um livro que nos marcou, mas que quando o voltamos ler, anos depois, já nos deixa uma marca diferente.
Talvez, porque não foi o livro que mudou, mas nós, que crescemos, que amadurecemos, que nos deixamos moldar pelas experiências da vida. Quando nos pedem que vejamos coisas novas, na que para nós já não trazem novidade.
Pedem-nos que não tenhamos o mesmo olhar, que não sejamos a mesma pessoa de antes, mas a pessoa de agora. Uma pessoa nova, capaz de ter um novo olhar e dessa forma permitir que haja uma nova descoberta. Uma descoberta que signifique, encontro, surpresa, renovamento.
“Ver novas todas as coisas em Cristo” (Papa Francisco), pede-nos uma nova abertura, um novo sentir, uma nova visão liberta de quem fomos.
Seja-mos novos nessa conversão, deixemo-nos tocar, renovar. Olhar o outro com todas as categorias do novo eu.
O outro já lá estava ontem, nos dias anteriores, mas o eu só agora o viu, só agora foi tocado por ele e o recebemos em nós.
O novo será sempre a minha conversão no outro que me torna um novo eu.
sexta-feira, 29 de outubro de 2021
O meu último poema

Que só o coração sentisse.
Mas que dissesse tanto,
Que ganhasse asas,
E pousasse no teu recanto.
Da mais triste tristeza.
Cheio de luz do dia,
Na escuridão da natureza.
Memória que parte mas fica,
Uma brisa de sentimento,
Que em silêncio nos grita.
Um caminho de tranquilidade.
A sensação de magia,
Num segundo de felicidade.
segunda-feira, 25 de outubro de 2021
Post.it: Os livros são casas
segunda-feira, 18 de outubro de 2021
Post-it: Travessa da Espera
Que o dia amanheça e traga consigo a realização de planos, de sonhos, de momentos bons.
Espera-se pelos transportes públicos apinhados de gente que vai para o trabalho, são quase sempre os mesmos e já se cumprimentam, já guardam o lugar para que o companheiro de viagem descanse um pouco as pernas já cansadas, não desse dia, mas de todos os anteriores.
Espera-se pelo pequeno-almoço fumegante que lhe aqueça o corpo e com um pouco de sorte, lhe anime a alma.
Espera-se por um trabalho que nos incentive, que nos alegre, que nos faça sentir que fazemos a diferença, que contribuímos para um mundo melhor.
Espera-se que a escola dos filhos lhes ensine mais do que matemática e português, que os ensine a crescer com vontade de serem bons cidadãos. Que lhes dê ferramentas para que a engrenagem de crescer lhes seja favorável no seu rumo ao futuro.
Espera-se a tarde como um sino da igreja que marca o final de um dia de labuta contra o relógio que corre e as tarefas que vão num crescendo marcando o ritmo da corrida. Há dia em que saímos vencedores, há dias em que saímos derrotados e deixamos algumas delas para o dia seguinte.
Espera-se a noite, depois de beijar os filhos, de dobrar a roupa, de arrumar a loiça, de desligar o televisor, de programar o despertador, de aconchegar o cão, de pendurar a roupa para vestir amanhã, de deixar os chinelos no chão e o corpo abandonado na cama.
Espera-se o descanso, o sono, o sonho. Espera-se a esperança de um melhor amanhecer em cada novo dia.
Na Travessa da espera, tal como noutras travessas, becos, ruas, avenidas, espera-se constantemente pela felicidade.
segunda-feira, 11 de outubro de 2021
Post.it: Os nossos heróis
segunda-feira, 4 de outubro de 2021
Post.it: O céu e a terra
Há dias em que o vento sopra gentil para oferecer brisas de frescura, mas também tem outros em que quase numa fúria de mau humor parece que tudo desarruma. Mas a terra gentil e serena vai deixando tudo voar a contento desse feroz sopro, ela confia que quando o vento amenizar, a aparente turbilhão revelará uma ordem que só a terra entende.
Há dias em que o sol sorri resplandecente convidando a sair da penumbra até os mais tímidos, e os bezerros não se fazem rogados, correm pelos prados, onde são acompanhados pelos cães de guarda e pelo olhar atento do pastor.
Na cidade, as pessoas correm para os transportes, mas não deixam de espreitar pelas janelas do autocarro, quem resiste a um sorriso tão belo do astro rei? Bem que gostariam de aproveitar em pleno a oferta solar e fazer um passeio pelos jardins ou ir mais longe e relaxar o olhar numa amena praia, mas o dever chama, e um suspiro adia para o fim de semana tais planos.
Por fim, quando o dia adormece depois das mais diversas peripécias, o céu escurece e torna-se um manto de estrelas que cobre toda a terra, como a quisesse aconchegar.
Amanhã, bom, amanhã veremos que novas e maravilhosas surpresas chegam do céu até à terra e com que longo abraço ela lhe retribui…
As relações felizes são feitas de partilha, de generosidade, de espaço e de união, de problemas e de soluções, de respeito e de liberdade, de um caminho que se faz sempre, com o coração entrelaçado.
domingo, 26 de setembro de 2021
Post.it: Emigrantes
Se você pode andar, você pode dançar. Se você pode falar, você pode cantar. (provérbio africano)
26 de Setembro Dia do Migrante
segunda-feira, 20 de setembro de 2021
Post.it: Amizade em tempo de pandemia
sábado, 11 de setembro de 2021
Post.it: Imaginação
Voar sem asas,
Viver sem
limites,
Conquistar o
infinito,
Ser-se onda,
Vento, árvore,
flor,
Amar para
sempre,
Ser-se amado
todos os dias,
Encontrar a
perfeição,
Abraça-la e
guarda-la no peito,
Viajar pelo mundo,
Entrar em todas
as vidas,
Ver beleza nas
coisas simples,
Sentir-se feliz
só porque sim,
Silenciar todas
as guerras,
Dar voz ao silêncio,
Acabar com
todas as fomes,
Encher a
solidão de companhia,
E toda a
tristeza de alegria.
Ter muita,
Muita,
Imaginação…
segunda-feira, 6 de setembro de 2021
Post.it: Contemporâneo
Não se
circunscreve, não se limita.
Não tem
corpo, não tem forma, não tem cor.
É uma evasão
que se pretende encontro.
É um novo com
ar de velho.
É um estilo
sem pretensão de estilo.
É um repleto
cheio de ausências.
É uma busca
de si com medo de se encontrar.
Há uma dor,
uma mágoa, um desespero, uma corrida.
Está lá tudo,
mesmo quando não vemos nada.
Linhas em
desalinho.
Traços
destraçados.
Objectos
desarrumados.
Materiais
contorcidos.
Cores esmaecidas.
Olha-se,
compõe-se de dentro para fora.
Constrói-se
na mais cruel nudez que é, a revelação.
De um silêncio
que exaspera por ser grito.
sexta-feira, 27 de agosto de 2021
Post.it: Não poupes nas palavras
Não poupes nas palavras. Preciso de todas elas.
Escreve-as, di-las, pinta-as, dá-mas num sorriso, num abraço. Não as cales, não as adies. Não as deixes ficar apenas no pensamento, no sentimento, prisioneiras do silêncio.
Oferece-mas como se fossem um bouquet de rosas, mesmo que já por nós tenham passado e murchado muitas primaveras, todas elas me ficaram no peito, mesmo quando a galáxias de nevoeiro me vão roubando a memória de cada uma delas, fica a sua energia como se me fosse uma estrela, que apesar de ter sucumbido há anos luz, ainda brilha e ilumina o nosso olhar.
Dá-me as palavras ternas, doces, amigas, amadas, quentes como uma tarde de verão, que nos queima a pele sem qualquer intenção de criar mágoa, aliás, acredito que essa onda de ar escaldante tem como intuito, que as palavras voem em busca de brisas de frescura, de refrescantes gotas de mar que causam risos e fugas de quem apenas quer ser reencontrado.
Não, não será o outono quem nos deixará secar as palavras, podem as folhas cair, mas as palavras não vão ficar no esquecimento, amarelecidas pela espera, de quem as diga, de quem as espera ouvir, ler...
As árvores podem ficar despidas, mas os seus ramos estendidos, vão continuar a escrever no céu gentis poemas, para que o sol conquiste a lua, para que a lua adormeça do sol enamorada.
E mesmo que o inverno chegue carregado de nuvens, as suas águas não serão de lágrimas de desgosto, mas de esperança, de inspiração, de florescimento, para que as palavras, tal como as flores renasçam, uma, mil vezes, as que forem necessárias para alegrar quem as recebe e encher de felicidade quem as oferece.
sexta-feira, 20 de agosto de 2021
Uma gota do olhar
Ai se a gota de água,
Que se solta
do teu olhar.
Fosse a voz
da calada mágoa,
Que cai no
chão sem confessar.
De onde tão
longe que veio,
Por que
destino já andou.
Se era
triste, se era feio,
O caminho que
palmilhou.
Como pode a
dor tão escura,
Como pode tão
intimo sofrer.
Produzir com
tamanha ternura,
Uma gota de
água a resplandecer.
Como se fosse
o sangue da alma,
Como se fosse
pesada lembrança.
Que nos cura,
que nos acalma,
E dá lugar a
renovada esperança.
Seca-se a
lágrima, não a dor,
Dizes num fio
de voz.
Jardim de
furtada flor,
E todas as
outras ficam mais sós.
Era uma
lágrima, uma lágrima sem valor,
Diz quem
passa sem se deter.
Que sabem!
Que sabem de mim?
Pergunta a
gota transparente.
Sabem se sou
o principio, se sou o fim,
De quem me
recusa e recusando mente.
sexta-feira, 13 de agosto de 2021
Post.it: Férias 2021
Cansaço deste vírus que não vemos, mas que sentimos o seu domínio, cansaço do uso de máscara que nos rouba a frescura do ar e a beleza dos sorrisos.
Cansaço das filas nas lojas, das restrições, de estar só em isolamento de afetos.
Cansados do trabalho não valorizado, das crianças impedidas de brincar com outras crianças, um cansaço existencial, desanimado, aborrecido, resignado.
É urgente tirar férias, do vírus, do trabalho, da casa, dos medos.
É tempo de ‘perder tempo’ para recuperar energias. É preciso descansar do nosso cansaço, encontrar a paz interior, a calma, a alma. Encontrarmo-nos connosco e reencontrar os outros em nós, mesmo quando estamos sós.
O descanso é um direito e uma necessidade, após tantos meses de pandemia, cada um de nós sente-se cansado pela incerteza e imprevisibilidade .
A alteração das rotinas, do trabalho, o isolamento físico e social, as perdas, os lutos, a doença e as suas sequelas.
Descansar torna-se primordial, uma necessidade de fuga, de libertação, de encontro consigo e com os outros.
Para relaxar, para respirar fundo, para mergulhar nas ondas do mar, da piscina ou simplesmente num banho de espuma.
Vamos viver as nossas férias em busca de paz, harmonia e equilíbrio. Vamos sentir as nossas férias na pele, no ar que respiramos.
Vamos para férias, não precisa de ser para um resort de luxo, mas que seja num espaço mental e que o nosso tempo seja de descanso físico e emocional. Que as férias sejam um tempo um reencontro com a nossa essência de fé, de esperança e de amor.
segunda-feira, 9 de agosto de 2021
Post.it: Somos o mundo...
Aprendi que não sou melhor que os outros, sou como sou e eles são como são. No fundo, somos iguais no geral mas diferentes no particular. Uma identificação cultural, uma assimilação social. Uma simbiose civilizacional.
Somos o mundo e o mundo é um puzzle cheio de peças que o tornam um todo eternamente incompleto. Peças que por vezes julgamos que não encaixam na nossa vida, tentamos muda-las, cortar a forma, lim
ar as arestas, mas a verdade é que são assim porque existem para se conjugar com outras peças, outras vidas, talvez, não as nossas. Se as obrigamos a mudar, se lhe alteramos os contornos, se condicionarmos o que as define, continuam a não se adaptar a nós e de tão forçosamente modificadas, já não se adaptam aos outros.
Nós próprios mudamos ao longo do tempo, mudamos porque queremos ser aceites, porque queremos ser amados, porque queremos fazer parte do grupo. Mas se essa mudança for diferente da nossa natureza, dos nossos valores, do que somos, mais tarde ou mais cedo vamos falhar nos nossos intentos. Infelizes na nossa essência, inadaptados nessa realidade, percebemos está na hora de apenas sermos quem somos e de deixarmos os outros serem quem são.
Quando chove, podemos não gostar de nos molharmos, mas a chuva é necessária para o renascer da natureza. O sol pode queimar-nos a pele mas é essencial para a sobrevivência do planeta e a nossa. Talvez, em cada contrariedade encontremos algo de positivo, o desafio que nos faz vencer o obstáculo, o passo que nos leva a seguir em frente. Em cada não, pode surgir um sim. Seguindo uma simples regra…
Que eu consiga mudar o que devo mudar, que eu consiga aceitar o que não posso mudar, que eu tenha capacidade para distinguir entre um e outro.
domingo, 1 de agosto de 2021
Post.it: A morte
Rouba-nos o sorriso, o coração, as lágrimas. Rouba-nos momentos de teríamos, rouba-nos aquela amanhã que tínhamos a certeza chegaria.
Rouba-nos a esperança, a lembrança, o olhar de criança. Os planos, os sonhos, o chão. Rouba-nos um pouco de nós, do passado, do presente, até do futuro.
Deixa-nos mais pobres, mais tristes, mais sós.
Rouba-nos o sol do olhar, as primaveras em que colheríamos flores, o calor do verão, os passos à beira-mar, os outonos de folhas caídas que nos ladeavam o caminho, os invernos partilhando palavras quentes.
Os primeiros passos em que nos foste amparo. As histórias que nos contavas enquanto a noite chegava.
O incentivo, os planos, o orgulho que tinhas em nós, as linhas com que cosias e alinhavavas o nosso futuro.
O pão na mesa partilhado com amor.
Mesmo depois da tua partida, o dia amanhece, estranhamente quente e terno como que num abraço, uma força, um incentivo para tornarmos o que nos roubaram mais precioso, tão precioso que o guardamos num lugar de onde não nos pode ser retirado, no coração.
Ali bem aconchegado, bem seguro para que possamos, num momento só nosso, abrir de mansinho e deixar voar pelos nossos sentidos todas as memórias.