Rouba-nos o sorriso, o coração, as lágrimas. Rouba-nos momentos de teríamos, rouba-nos aquela amanhã que tínhamos a certeza chegaria.
Rouba-nos a esperança, a lembrança, o olhar de criança. Os planos, os sonhos, o chão. Rouba-nos um pouco de nós, do passado, do presente, até do futuro.
Deixa-nos mais pobres, mais tristes, mais sós.
Rouba-nos o sol do olhar, as primaveras em que colheríamos flores, o calor do verão, os passos à beira-mar, os outonos de folhas caídas que nos ladeavam o caminho, os invernos partilhando palavras quentes.
Os primeiros passos em que nos foste amparo. As histórias que nos contavas enquanto a noite chegava.
O incentivo, os planos, o orgulho que tinhas em nós, as linhas com que cosias e alinhavavas o nosso futuro.
O pão na mesa partilhado com amor.
Mesmo depois da tua partida, o dia amanhece, estranhamente quente e terno como que num abraço, uma força, um incentivo para tornarmos o que nos roubaram mais precioso, tão precioso que o guardamos num lugar de onde não nos pode ser retirado, no coração.
Ali bem aconchegado, bem seguro para que possamos, num momento só nosso, abrir de mansinho e deixar voar pelos nossos sentidos todas as memórias.
O carinho, o que fomos, as vozes, as palavras, os
exemplos, os ensinamentos, a gratidão, a vida que partilhamos, porque essa, a
morte, que tudo nos rouba, nunca nos conseguirá roubar.
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