O
tempo passa, passa connosco, passa por nós. Leva-nos consigo, ou deixa-nos para
trás. E mesmo quando o queremos parar, suspender, adiar para um momento melhor.
O tempo prossegue alheio aos nossos desejos. Vai deixando em nós abraços que
ficam no corpo, beijos que nos amaciam a pele, brisas que esculpem doçura no
rosto. E um eco, que nos chama e incentiva a prosseguir o caminho. É um tempo
que nos é exterior, que vai caracterizando os nossos dias, os nossos anos, que
vai escrevendo na vida, a nossa história, a nossa permanência, a nossa
passagem.
Mas
dentro do peito, o tempo é imutável, permanece sempre idêntico, aconchegando o
coração, amadurecendo-lhe os sentimentos, desenhando-lhe moléculas de
esperança, e deixando fluir células alento. O coração não sente os dias
marcados pelo decorrer mecânico dos ponteiros do relógio ou pelo despertar e
adormecer do sol.
O
coração marca o seu compasso pelo palpitar da vida que o faz acreditar que
antes que a última badalada lhe soe na alma encontrará uma razão para ter
permanecido sereno e guardião de um querer que um dia sentirá reciproco. Quando
vai ser? O coração não questiona, continua a bater, continua a sonhar, continua
a esperar. Porque para o coração não existe tempo.
E mesmo que esse tempo corra lá fora, que o
verão com o seu calor abrasador lhe
queira derreter a firme vontade, que o gelo do inverno o queria
congelar, que a chuva o queira levar nos seus rios de esquecimento, nada pode
apagar da memória do coração o nome daquele outro que ficou inscrito no ADN do
seu viver.
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