Como
me enjoa ouvir certas expressões de “moda” ditas num tom anasalado. Mas
relativizando lá vou brincando com essas “dondoquices” e referindo que também
falo num tom chique desde que fui operada ao nariz.
A verdade é que me irrita solenemente ouvir o
vocabulário que impera na boca de pessoas que querem, porque querem, sentir-se
enquadradas num determinado grupo social. Lá compreender, compreendo, porque ninguém gosta de ser socialmente um
“excluído”, mas sinceramente este tipo de atitude dá-me alguma “alergia nos
neurónios”.
Então
fingem-se ricos, novos-ricos ou meramente pobres envernizados, mas pouco
polidos.
Vou
escutando aqui e ali, um “ror” de palavras sem sentido. Outro dia fiquei
surpreendida ao ler a crónica de um famoso escritor da nossa praça, usar com
ligeireza a expressão “ror” que me causa horror pela anulação do “h”. Mas
depois lembrei-me que o tal escritor, também devia ser chique e relevei.
Enquanto
isso lá vão também “comendo” os r(s),
tratando-se por queridas, e por meninas enquanto os filhos chamam tias às mães
da amigas, sem contudo não terem nenhum laço parental além disso são
exageradíssimas em tudo. Quanto aos
“r(s) omitidos, não entendo qual a razão, talvez não seja considerada uma consoante chique no nosso alfabeto, mas a
verdade é que a sonoridade confere-lhes
um modo de falar à bebé. “Hoje quando ia pa casa encontrei a Maria, estava um
ror de magra. A menina não imagina como
ela está, envelheceu mil anos!”
Este
foi o diálogo que escutei numa rua chique da capital. Ri-me por dentro e
pensei, “imagino a inveja que a menina não deve ter sentido”, mas tenho a
certeza de que ela me iria logo responder, “Credo! Eu? De todo…”
Já
pensei seriamente em procurar uma gramática de português com vocabulário
chique, para me manter actualizada. Mas depois de começarmos a escrever em “brasileirez”
será que ainda vamos ter sacrificar mais
a língua pátria?
Quantos
dizem que a língua portuguesa é “traiçoeira”, quando me parece que é cada vez
mais “atraiçoada”…
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