Somos
uma multidão, uma multidão de vidas, de seres desiguais em pequenas igualdades
que nos unem nuns pontos e separam noutros.
Somos uma multidão de formas de existir, de crescer e sobreviver em
caminhos paralelos com alguns, inusitados cruzamentos. E somos tantos, mas
tantos que quando perdemos algum, mal damos pela sua falta, ou talvez seja esta
afirmação apenas uma teoria, que na prática não resulta, porque na verdade,
consoante a herança que fica no ADN da nossa história, no lugar recôndito da
nossa memória, assim é a dor de uma ausência, temporária ou perpétua,
voluntária ou sem escolha possível.
Somos
uma multidão que gosto de comparar com a que vislumbro no céu, uma multidão de
estrelas que aqui na terra têm o seu brilho, mais ou menos iluminado. Que chega
à nossa vida, invade-a com a sua alegria e um dia quando parte, deixa atrás de
si um rasto longínquo, a que chamamos saudade. Sem saber que outro nome dar ao vazio que deixa neste pequenino espaço
do nosso céu existencial. E não se iludam quando digo, pequenino espaço, porque
independentemente da sua dimensão, importa mais a intensidade com esteve
presente. E sem falsa modéstia, sem orgulho e sem vaidade, fico a pensar, o
quanto de mim perdeu em cada partida, de tudo o que ainda tinha para lhe dar.
Mas, depois, abraço, o abraço vazio e confesso sem pudor, que fui eu quem te
perdeu…
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