Foi
a expressão que utilizou a minha amiga. Já a tinha ouvido, num outro contexto,
mais politico, económico e até mesmo social. Mas no fundo queria significar o
mesmo, separação, fracionamento, afastamento.
Caminhos que se apartam e seguem percursos autónomos,
distintos. Mesmo que por alguma razão específica mantenham laços, há uma
separação, um corte com o passado, com o próximo futuro. Há um não, a tudo
aquilo que noutros tempos se disse sim, perspectivando que se tornaria um eco
infinito no tempo.
Mas é um “divórcio de veludo”, volta a
reafirmar, como se assim o sentisse mais macio, menos doloroso, menos cruel
para os sonhos construídos e tão penosamente destruídos.
É
de ‘veludo’ porque as partes envolvidas estão de acordo, mas e o antes e o depois?
Pergunto ao silêncio, a esse silêncio que ela ainda não escutou porque não teve
tempo para questionar o depois nem recordar a esperança que depositou no antes,
quando tudo era ainda partilhado e vivido em conjunto.
Mudo
de assunto, sem perscrutar estas questões na expectação de que este “divórcio
de veludo” lhe seja realmente anestesiante, porque mesmo quando sabemos que
tudo passa, descobrimos um dia que ficamos mais pobres de ideais, mais vazios
de esperanças e depois de separar todos os bens e todos os momentos que ficam
como recordações, sentimos que ficamos, nessa partilha, sem um pouco de nós…
Mas
se tiver que acontecer, que aconteça da melhor forma possível e que seja, realmente,
um “divórcio de veludo”.
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