Quando
me dizem que os filhos não querem estudar, que não querem arrumar o quarto, que
não querem comer, levantar-se cedo, que se deitam de madrugada, que não querem
dialogar, que não querem sorrir, que não querem, quase, existir…
Respondo-lhes,
a juventude? isso passa-lhes! Não sei se é uma certeza, pelo menos em termos psicológicos,
mas é seguramente uma esperança. Lamentam-se uns, enquanto outros apontam o
indicador para a culpa, que tem de pertencer sempre a alguém. Não sei se haverá um culpado,
aceito simplesmente que “faz parte”, do crescimento. Afinal, sempre ouvi
comentários idênticos para a geração dos meus avós e pais. Já o dizia Sócrates
(470-399 a.C.), “os jovens de hoje gostam do luxo, são mal comportados,
desprezam a autoridade. Não têm respeito pelos mais velhos e passam o tempo a
falar em vez de trabalhar. Contradizem os pais”.
Ou
numa estranha atualidade, refere Aristóteles (384-322 a.C.), que “os jovens
estão sempre em busca da realização de desejos, aventuras e fortes emoções. São
coléricos, irritados e geralmente agem por impulso. Apreciam as honras e as vitórias, e gostam de
demonstrar superioridade. A cólera faz com que ignorem o medo. São magnânimes
(de alma generosa), porque ainda não apresentam preocupação de existência. Nas
ações preferem o imediato, o belo e o útil. Gostam mais dos amigos do que das
pessoas de outras idades”
No
entanto, reconhecendo alguns pontos de verdade, gosto de pensar com alguma tranquilidade, que
todos já fomos jovens, acusados da mesma irreverência, mas que todos nós
crescemos, tornamo-nos pais/mães, cidadãos, seres humanos, exemplares, ‘uns
mais do que outros?’.
Acabamos
sempre, ou quase sempre, por levantarmo-nos ao som do clarim do dia, vestimos o
fato do oficio, oferecemos generosamente as
palavras que estiveram durante tantos anos caladas, por opção ou porque
não as sabíamos colocar no vento. Relacionamo-nos com os outros de uma forma
mais ou menos harmoniosa, revelamos aos nossos companheiros de jornada, aos
colegas, aos amigos, um coração, que já batia dentro do peito, que crescia, por
vezes a medo, que se afirmava, que lutava para se tornar num futuro.
Acredito
que é para lá que caminham, como outros antes o fizeram, escrevendo com muitas
ou poucas palavras, a senda da sua história.
Por
isso, continuo a repetir, ao desconforto que essa fase nos deixa por vezes, no
confronto do dia-a-dia, com essa juventude irreverente que, isso passa-lhes…
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