Bom
dia, gaivota que já estendes as asas no vento. Bom dia, mar que já adornas a
praia. Bom dia, dunas que ainda acalentam o luar. Bom dia, sol que começas a
subir no horizonte. Bom dia, silêncio que embalas quem ainda permanece no
enlaço dos sonhos.
É
cedo, ousa suplicar, num pedido sempre recusado de que permaneça mais um pouco nela.
É tarde murmura ele com voz de penumbra presa a uma ancora que não resiste por mais tempo ao chamamento das sereias. De
coração dividido aparta-se o abraço, que se estende até ao toque do último dedo
desentrelaçado. Resta o olhar numa última caricia enquanto ele entra no barco e
se confunde com a imensidão do mar.
Há
de voltar prometem-lhe as ondas do oceano num aceno serpenteante e ela acredita,
porque precisa de acreditar, para partir daquela praia e encarar o seu
viver. Acredita, mas não consegue conter
a lágrima diária que lhe espreita no olhar. Já devia ter-se habituado, repete
incessantemente aos seus pensamentos, mas olha a extensão oceânica e o coração
aperta-se-lhe dentro do peito enquanto solta mais uma gota de saudade.
Bom
dia, sol que o acompanhas lá do alto na sua longa jornada. Bom dia, gaivota que
voas a seu lado e levas no teu voar todo o seu sentir para lhe oferecer. Bom
dia, silêncio, não deixes que ele escute a sereia e fique enredado no seu canto
sedutor. Bom dia mar, leva-o, sê caminho de partida, mas sobretudo de regresso.
Bom
dia, praia deserta de outras histórias, de outros passos, além dos meus e
daqueles que fazem do mar a sua vida, enquanto eu faço dele o meu descanso…
Sem comentários:
Enviar um comentário