Falar de crise
surge-nos aos sentidos desde logo como uma palavra sinónimo de algo que corre
mal. Uma crise é sempre uma coisa negativa, mas uma crise pode ser analisada
nas mais dispares vertentes e quando julgamos que já observámos todas,
surgem-nos novas hipóteses que nos mudam o olhar sobre os acontecimentos.
Claro
que mais uma vez vou falar da nossa crise, não para espraiar lamentos. Mas para
verificar que até a dureza lapidar dum Orçamento do Estado nos pode oferecer
uma visão diferente da nossa realidade. Pois, segundo o OE, o ambiente está a
beneficiar com as manifestas dificuldades económicas que nos afetam desde 2008.
Claro que não somos imunes aos problemas que a crise geral nos causa, porque
nos é evidente que o dinheiro escasseia nos bolsos, que a economia se está
literalmente a afundar, que o poder de compra diminui, que as lojas estão vazias
e os restaurante às moscas, que em cada celebração, os presentes são mais
modestos e a felicidade uma conquista mais difícil de se atingir quando
agregada a fatores económicos. O preço dos combustíveis sobe rapidamente, o que
faz com que os carros circulem em menor número. Porém a natureza festeja e as
árvores rejubilam com renovada alegria, passaram a respirar melhor. Até a
atmosfera está mais límpida e mais leve com menos emissão de gases com efeito
de estufa, logo também as nossas vias respiratórias agradecem com entusiasmo.
Na União Europeia, registou-se um decréscimo de cerca de 7%. Em Portugal essa
redução chegou aos 9%. As famílias começaram a prestar mais atenção aos
contadores da água, gás e eletricidade. Contas que podem ser um choque brutal
para o nosso orçamento e exigir de nós algumas medidas de poupança, uma vez
mais, o planeta agradece. Embora nos pareça que a equação é desproporcional
para um dos lados e a infelicidade de uns pode tornar-se estranhamente, a
felicidade de outros, o bem-estar da terra, refletir-se-á sempre e diretamente
em nós.
Por
isso, aproveitemos o que esta crise tem de melhor e despertemos a consciência,
para cultivar valores, e para cooperar num espirito de entreajuda.
Talvez
seja o momento para despertar das quimeras e reaprender o real valor da vida,
afastando-nos da tendência para um consumismo desenfreado, e aproveitando o que
sempre esteve ali para nós, a natureza, que é grátis enquanto cuidarmos dela,
caso contrário pode sair-nos muito caro
Será
que a sabedoria popular tem alguma razão no que diz? “Há males que vêm por
bem”?
Gostei do título, sugestivo muito verdadeiro. É realmente pena que seja necessário uma crise para nos despertar. Luís
ResponderEliminarJá tinha conhecimento destes dados e também fui concluindo que “há males que vêm por bem” Espero que entretanto parem, porque qualquer dia só ficam as arvores e os mares, nós tal como os dinossauros já nos extinguimos! Alberto F.
ResponderEliminarCuriosa esta relação do que faz mal a uns é benéfico para outros. Ainda bem que assim é porque na verdade beneficiamos todos. Mais pobres mas mais saudáveis.
ResponderEliminarAdorei ler, não a crise, entenda-se. Mas é bom saber que isso beneficia o nosso planeta. Beijocas C.
ResponderEliminarNão tinha ideia deste impacto tão acentuado. Se assim é, ainda bem. Pelo menos nesta crise não é tudo mau. Amália
ResponderEliminarEscrevas os que escreveres é sempre o teu estilo que nos prende.
ResponderEliminarAinda bem que a crise tem efeitos positivos em algo. Na minha casa por exemplo. Desligar os aquecedores e os ares condicionados e abrindo as janelas. Controlando a utilização da máquina de lavar, quanto ao carro, voltámos aos passeios ao fim-de-semana a Sintra para uns pastéis.
ResponderEliminarConcordo com esta leitura da crise, mas sinceramente algumas medidas são um exagero. Se controlassem melhor a poluição dos veículos motorizados e das fábricas. Exigindo que usem filtros e catalisadores e não que proibissem o acesso automóvel a locais que é muito difícil chegar lá de outra forma. Só apanhando 2 ou 3 transportes públicos, esperando nas paragens um tempo infinito. Nem apetece visitar os nossos locais históricos com tantas dificuldades. Bjs, A.
ResponderEliminarNão tinha conhecimento de que já tinham acontecido tantas alterações boas para o ambiente. Talvez seja uma forma para nos tornarmos mais ambientalistas. José
ResponderEliminarNão gosto da crise, mas apresentada assim até consegui conviver melhor com ela.
ResponderEliminar