Um dia, suponho, vou saber o porquê das coisas que acontecem, que escoam das nossas mãos, que se derramam do coração e que, por mais que queiramos, não conseguimos deter ou desviar a corrente.
Um dia, suponho, vou entender o significado de cada lágrima que derramei em vão, cada clamor que não encontrou eco na gruta de outra existência que, por um fugaz instante, quase tocou a nossa.
Um dia, suponho, vou compreender e tornar mais simples os grandes dilemas do ser humano, vou quem sabe, encontrar a solução para cada teorema que a vida continuamente me coloca.
Um dia, suponho, vou deixar de fazer perguntas, aceitar o caminho e não olhar mais além do que a vista alcança, quem sabe, então aprenda a valorizar o que vejo e não o que vislumbro num olhar de ilusão.
Um dia, suponho, vou parar de correr para braços fechados. De transpor altivos muros, de rasgar fronteiras. Vou, quem sabe, até deixar de escrever e de dizer palavras que deixas caídas a murchar no chão, como se fossem flores que te esqueceste de regar com um sorriso.
Um dia, suponho, vou ter alguma certeza, mais que não seja a de que me deste o silêncio porque nada mais tinhas para me dar. E nesse dia vou deixar de querer encontrar para tudo um sentido, porque talvez ele nunca tenha sequer existido.
Nesse dia, suponho, vou saber a resposta para estar aqui, justamente aqui e não aí, onde sem saber porquê sempre quis estar.
Um dia, suponho, vou deixar de te sonhar, vou despertar e quem sabe o que esse dia me vai finalmente revelar... Algo de bom, suponho…