Pós-de-bem-querer para partilhar/oferecer: Pensamentos, histórias, aprendizagens.Tudo o que acontece quando se vive e se ama a vida!...
segunda-feira, 27 de dezembro de 2021
segunda-feira, 20 de dezembro de 2021
História do Natal II
E ao mundo inteiro ela anunciou,
Nasceu o nosso Menino, o Salvador,
Que nos vai libertar de toda a dor!
Muitos para o local logo correram,
Perante Ele, reis e pastores se ajoelharam,
Que lhes ofereceu um sorriso abençoado,
Na noite fria, nas palhinhas deitado.
- Que história triste... Disse Nicolau,
Que era teimoso
como um pau.
- Mas gostei do seu final feliz, avó,
- Um Menino tão pobre que mete dó,
- E que um dia em toda a terra,
- Vai com amor vencer a guerra.
Foi com emocionado coração,
Que Nicolau com gentil compaixão,
Ali prometeu, que sempre a sorrir,
Viveria continuamente a repartir.
- Quando crescer, rico quero ser,
Para prendas a todos oferecer.
Terei um carro de renas voador,
Que vai pelo mundo a todo o vapor.
Depois à noite, chego pé-ante-pé,
E em cada casa desço pela chaminé.
Mas desde já um recado quero deixar,
Há condições para o que lhes vou dar,
Se forem todos bem comportados,
Receberão os presentes mais desejados.
A avó disse, acariciando-lhe a cabeça,
- Meu neto, que tudo isso aconteça,
- Que Jesus te cresça no coração,
- E que como Ele repartas amor e perdão.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2021
Post.it: História do Natal I
Há muito, muito tempo,
Numa terra cheia de lamento,
Vivia um rei que era feroz,
A todos perseguia com ódio veloz,
Um rei muito amado nasceria,
E que na data do advento,
Ele viria acabar com o tormento.
Maria e José, pais dessa criança,
Fugiram para proteger a esperança.
Ora se bem me lembro,
Era o dia 24 de Dezembro,
Era uma noite especial,
A mais bela noite de Natal,
No céu um manto estrelado,
Na terra um momento encantado,
José a pé, pelo imenso caminho,
Mas o cansaço já os vencia,
Terminaram por ali aquele dia.
Que Maria deitou o corpo cansado,
Mas as dores começaram a crescer,
O Menino parecia dizer - Quero nascer!
terça-feira, 23 de novembro de 2021
Post.it: Esquecidos
segunda-feira, 15 de novembro de 2021
Post.it: Renovação dos votos
Resta-nos o silêncio só interrompido por banalidades. E de repente o romance passa a ser preenchido por esse pequenos nadas, que nos alimenta a saudade de nós, como eramos dantes.
Onde nos perdemos? Talvez no reencontro desse novo nós. Curiosamente, não me magoa, esta nova situação. Acabo por a sentir tão doce, tão calma, é como se caminhasse no escuro sem receio, porque já conheço o caminho, cada sinuosidade, cada tonalidade. Os amigos dizem que nos acomodámos, mas dizem-nos como se isso fosse negativo.
Sim é verdade, o mundo perdeu as nuances vibrantes de cor, de calor, agora, vemos as coisas mais em tom pastel. O meu amigo Ferreira, homem das tiradas filosóficas repete em tom de sabedoria, “dantes perdíamos a calma, agora ganhamos a alma”.
Adormeço na mesma cama, há quantos anos? 50 anos, dizes resmungando, zangada por eu o ter esquecido. Não lembro as datas mas lembro os momentos, quando te vi pela primeira vez, de vestido amarelo dançando ao vento, lembro-me que sorriste e, a partir desse momento já não te ouvi, perdido que estava na tua visão.
segunda-feira, 8 de novembro de 2021
Post.it: Ver novas todas as coisas
Quantas vezes olhámos para algo de uma maneira, mas que num outro momento nos pareceu diferente, nos transmitiu sensações distintas.
Quantas vezes lemos um livro que nos marcou, mas que quando o voltamos ler, anos depois, já nos deixa uma marca diferente.
Talvez, porque não foi o livro que mudou, mas nós, que crescemos, que amadurecemos, que nos deixamos moldar pelas experiências da vida. Quando nos pedem que vejamos coisas novas, na que para nós já não trazem novidade.
Pedem-nos que não tenhamos o mesmo olhar, que não sejamos a mesma pessoa de antes, mas a pessoa de agora. Uma pessoa nova, capaz de ter um novo olhar e dessa forma permitir que haja uma nova descoberta. Uma descoberta que signifique, encontro, surpresa, renovamento.
“Ver novas todas as coisas em Cristo” (Papa Francisco), pede-nos uma nova abertura, um novo sentir, uma nova visão liberta de quem fomos.
Seja-mos novos nessa conversão, deixemo-nos tocar, renovar. Olhar o outro com todas as categorias do novo eu.
O outro já lá estava ontem, nos dias anteriores, mas o eu só agora o viu, só agora foi tocado por ele e o recebemos em nós.
O novo será sempre a minha conversão no outro que me torna um novo eu.
sexta-feira, 29 de outubro de 2021
O meu último poema
Que só o coração sentisse.
Mas que dissesse tanto,
Que ganhasse asas,
E pousasse no teu recanto.
Da mais triste tristeza.
Cheio de luz do dia,
Na escuridão da natureza.
Memória que parte mas fica,
Uma brisa de sentimento,
Que em silêncio nos grita.
Um caminho de tranquilidade.
A sensação de magia,
Num segundo de felicidade.
segunda-feira, 25 de outubro de 2021
Post.it: Os livros são casas
segunda-feira, 18 de outubro de 2021
Post-it: Travessa da Espera
Que o dia amanheça e traga consigo a realização de planos, de sonhos, de momentos bons.
Espera-se pelos transportes públicos apinhados de gente que vai para o trabalho, são quase sempre os mesmos e já se cumprimentam, já guardam o lugar para que o companheiro de viagem descanse um pouco as pernas já cansadas, não desse dia, mas de todos os anteriores.
Espera-se pelo pequeno-almoço fumegante que lhe aqueça o corpo e com um pouco de sorte, lhe anime a alma.
Espera-se por um trabalho que nos incentive, que nos alegre, que nos faça sentir que fazemos a diferença, que contribuímos para um mundo melhor.
Espera-se que a escola dos filhos lhes ensine mais do que matemática e português, que os ensine a crescer com vontade de serem bons cidadãos. Que lhes dê ferramentas para que a engrenagem de crescer lhes seja favorável no seu rumo ao futuro.
Espera-se a tarde como um sino da igreja que marca o final de um dia de labuta contra o relógio que corre e as tarefas que vão num crescendo marcando o ritmo da corrida. Há dia em que saímos vencedores, há dias em que saímos derrotados e deixamos algumas delas para o dia seguinte.
Espera-se a noite, depois de beijar os filhos, de dobrar a roupa, de arrumar a loiça, de desligar o televisor, de programar o despertador, de aconchegar o cão, de pendurar a roupa para vestir amanhã, de deixar os chinelos no chão e o corpo abandonado na cama.
Espera-se o descanso, o sono, o sonho. Espera-se a esperança de um melhor amanhecer em cada novo dia.
Na Travessa da espera, tal como noutras travessas, becos, ruas, avenidas, espera-se constantemente pela felicidade.
segunda-feira, 11 de outubro de 2021
Post.it: Os nossos heróis
segunda-feira, 4 de outubro de 2021
Post.it: O céu e a terra
Há dias em que o vento sopra gentil para oferecer brisas de frescura, mas também tem outros em que quase numa fúria de mau humor parece que tudo desarruma. Mas a terra gentil e serena vai deixando tudo voar a contento desse feroz sopro, ela confia que quando o vento amenizar, a aparente turbilhão revelará uma ordem que só a terra entende.
Há dias em que o sol sorri resplandecente convidando a sair da penumbra até os mais tímidos, e os bezerros não se fazem rogados, correm pelos prados, onde são acompanhados pelos cães de guarda e pelo olhar atento do pastor.
Na cidade, as pessoas correm para os transportes, mas não deixam de espreitar pelas janelas do autocarro, quem resiste a um sorriso tão belo do astro rei? Bem que gostariam de aproveitar em pleno a oferta solar e fazer um passeio pelos jardins ou ir mais longe e relaxar o olhar numa amena praia, mas o dever chama, e um suspiro adia para o fim de semana tais planos.
Por fim, quando o dia adormece depois das mais diversas peripécias, o céu escurece e torna-se um manto de estrelas que cobre toda a terra, como a quisesse aconchegar.
Amanhã, bom, amanhã veremos que novas e maravilhosas surpresas chegam do céu até à terra e com que longo abraço ela lhe retribui…
As relações felizes são feitas de partilha, de generosidade, de espaço e de união, de problemas e de soluções, de respeito e de liberdade, de um caminho que se faz sempre, com o coração entrelaçado.
domingo, 26 de setembro de 2021
Post.it: Emigrantes
Se você pode andar, você pode dançar. Se você pode falar, você pode cantar. (provérbio africano)
26 de Setembro Dia do Migrante
segunda-feira, 20 de setembro de 2021
Post.it: Amizade em tempo de pandemia
sábado, 11 de setembro de 2021
Post.it: Imaginação
Voar sem asas,
Viver sem
limites,
Conquistar o
infinito,
Ser-se onda,
Vento, árvore,
flor,
Amar para
sempre,
Ser-se amado
todos os dias,
Encontrar a
perfeição,
Abraça-la e
guarda-la no peito,
Viajar pelo mundo,
Entrar em todas
as vidas,
Ver beleza nas
coisas simples,
Sentir-se feliz
só porque sim,
Silenciar todas
as guerras,
Dar voz ao silêncio,
Acabar com
todas as fomes,
Encher a
solidão de companhia,
E toda a
tristeza de alegria.
Ter muita,
Muita,
Imaginação…
segunda-feira, 6 de setembro de 2021
Post.it: Contemporâneo
Não se
circunscreve, não se limita.
Não tem
corpo, não tem forma, não tem cor.
É uma evasão
que se pretende encontro.
É um novo com
ar de velho.
É um estilo
sem pretensão de estilo.
É um repleto
cheio de ausências.
É uma busca
de si com medo de se encontrar.
Há uma dor,
uma mágoa, um desespero, uma corrida.
Está lá tudo,
mesmo quando não vemos nada.
Linhas em
desalinho.
Traços
destraçados.
Objectos
desarrumados.
Materiais
contorcidos.
Cores esmaecidas.
Olha-se,
compõe-se de dentro para fora.
Constrói-se
na mais cruel nudez que é, a revelação.
De um silêncio
que exaspera por ser grito.
sexta-feira, 27 de agosto de 2021
Post.it: Não poupes nas palavras
Não poupes nas palavras. Preciso de todas elas.
Escreve-as, di-las, pinta-as, dá-mas num sorriso, num abraço. Não as cales, não as adies. Não as deixes ficar apenas no pensamento, no sentimento, prisioneiras do silêncio.
Oferece-mas como se fossem um bouquet de rosas, mesmo que já por nós tenham passado e murchado muitas primaveras, todas elas me ficaram no peito, mesmo quando a galáxias de nevoeiro me vão roubando a memória de cada uma delas, fica a sua energia como se me fosse uma estrela, que apesar de ter sucumbido há anos luz, ainda brilha e ilumina o nosso olhar.
Dá-me as palavras ternas, doces, amigas, amadas, quentes como uma tarde de verão, que nos queima a pele sem qualquer intenção de criar mágoa, aliás, acredito que essa onda de ar escaldante tem como intuito, que as palavras voem em busca de brisas de frescura, de refrescantes gotas de mar que causam risos e fugas de quem apenas quer ser reencontrado.
Não, não será o outono quem nos deixará secar as palavras, podem as folhas cair, mas as palavras não vão ficar no esquecimento, amarelecidas pela espera, de quem as diga, de quem as espera ouvir, ler...
As árvores podem ficar despidas, mas os seus ramos estendidos, vão continuar a escrever no céu gentis poemas, para que o sol conquiste a lua, para que a lua adormeça do sol enamorada.
E mesmo que o inverno chegue carregado de nuvens, as suas águas não serão de lágrimas de desgosto, mas de esperança, de inspiração, de florescimento, para que as palavras, tal como as flores renasçam, uma, mil vezes, as que forem necessárias para alegrar quem as recebe e encher de felicidade quem as oferece.
sexta-feira, 20 de agosto de 2021
Uma gota do olhar
Ai se a gota de água,
Que se solta
do teu olhar.
Fosse a voz
da calada mágoa,
Que cai no
chão sem confessar.
De onde tão
longe que veio,
Por que
destino já andou.
Se era
triste, se era feio,
O caminho que
palmilhou.
Como pode a
dor tão escura,
Como pode tão
intimo sofrer.
Produzir com
tamanha ternura,
Uma gota de
água a resplandecer.
Como se fosse
o sangue da alma,
Como se fosse
pesada lembrança.
Que nos cura,
que nos acalma,
E dá lugar a
renovada esperança.
Seca-se a
lágrima, não a dor,
Dizes num fio
de voz.
Jardim de
furtada flor,
E todas as
outras ficam mais sós.
Era uma
lágrima, uma lágrima sem valor,
Diz quem
passa sem se deter.
Que sabem!
Que sabem de mim?
Pergunta a
gota transparente.
Sabem se sou
o principio, se sou o fim,
De quem me
recusa e recusando mente.
sexta-feira, 13 de agosto de 2021
Post.it: Férias 2021
Cansaço deste vírus que não vemos, mas que sentimos o seu domínio, cansaço do uso de máscara que nos rouba a frescura do ar e a beleza dos sorrisos.
Cansaço das filas nas lojas, das restrições, de estar só em isolamento de afetos.
Cansados do trabalho não valorizado, das crianças impedidas de brincar com outras crianças, um cansaço existencial, desanimado, aborrecido, resignado.
É urgente tirar férias, do vírus, do trabalho, da casa, dos medos.
É tempo de ‘perder tempo’ para recuperar energias. É preciso descansar do nosso cansaço, encontrar a paz interior, a calma, a alma. Encontrarmo-nos connosco e reencontrar os outros em nós, mesmo quando estamos sós.
O descanso é um direito e uma necessidade, após tantos meses de pandemia, cada um de nós sente-se cansado pela incerteza e imprevisibilidade .
A alteração das rotinas, do trabalho, o isolamento físico e social, as perdas, os lutos, a doença e as suas sequelas.
Descansar torna-se primordial, uma necessidade de fuga, de libertação, de encontro consigo e com os outros.
Para relaxar, para respirar fundo, para mergulhar nas ondas do mar, da piscina ou simplesmente num banho de espuma.
Vamos viver as nossas férias em busca de paz, harmonia e equilíbrio. Vamos sentir as nossas férias na pele, no ar que respiramos.
Vamos para férias, não precisa de ser para um resort de luxo, mas que seja num espaço mental e que o nosso tempo seja de descanso físico e emocional. Que as férias sejam um tempo um reencontro com a nossa essência de fé, de esperança e de amor.
segunda-feira, 9 de agosto de 2021
Post.it: Somos o mundo...
Aprendi que não sou melhor que os outros, sou como sou e eles são como são. No fundo, somos iguais no geral mas diferentes no particular. Uma identificação cultural, uma assimilação social. Uma simbiose civilizacional.
Somos o mundo e o mundo é um puzzle cheio de peças que o tornam um todo eternamente incompleto. Peças que por vezes julgamos que não encaixam na nossa vida, tentamos muda-las, cortar a forma, lim
ar as arestas, mas a verdade é que são assim porque existem para se conjugar com outras peças, outras vidas, talvez, não as nossas. Se as obrigamos a mudar, se lhe alteramos os contornos, se condicionarmos o que as define, continuam a não se adaptar a nós e de tão forçosamente modificadas, já não se adaptam aos outros.
Nós próprios mudamos ao longo do tempo, mudamos porque queremos ser aceites, porque queremos ser amados, porque queremos fazer parte do grupo. Mas se essa mudança for diferente da nossa natureza, dos nossos valores, do que somos, mais tarde ou mais cedo vamos falhar nos nossos intentos. Infelizes na nossa essência, inadaptados nessa realidade, percebemos está na hora de apenas sermos quem somos e de deixarmos os outros serem quem são.
Quando chove, podemos não gostar de nos molharmos, mas a chuva é necessária para o renascer da natureza. O sol pode queimar-nos a pele mas é essencial para a sobrevivência do planeta e a nossa. Talvez, em cada contrariedade encontremos algo de positivo, o desafio que nos faz vencer o obstáculo, o passo que nos leva a seguir em frente. Em cada não, pode surgir um sim. Seguindo uma simples regra…
Que eu consiga mudar o que devo mudar, que eu consiga aceitar o que não posso mudar, que eu tenha capacidade para distinguir entre um e outro.
domingo, 1 de agosto de 2021
Post.it: A morte
Rouba-nos o sorriso, o coração, as lágrimas. Rouba-nos momentos de teríamos, rouba-nos aquela amanhã que tínhamos a certeza chegaria.
Rouba-nos a esperança, a lembrança, o olhar de criança. Os planos, os sonhos, o chão. Rouba-nos um pouco de nós, do passado, do presente, até do futuro.
Deixa-nos mais pobres, mais tristes, mais sós.
Rouba-nos o sol do olhar, as primaveras em que colheríamos flores, o calor do verão, os passos à beira-mar, os outonos de folhas caídas que nos ladeavam o caminho, os invernos partilhando palavras quentes.
Os primeiros passos em que nos foste amparo. As histórias que nos contavas enquanto a noite chegava.
O incentivo, os planos, o orgulho que tinhas em nós, as linhas com que cosias e alinhavavas o nosso futuro.
O pão na mesa partilhado com amor.
Mesmo depois da tua partida, o dia amanhece, estranhamente quente e terno como que num abraço, uma força, um incentivo para tornarmos o que nos roubaram mais precioso, tão precioso que o guardamos num lugar de onde não nos pode ser retirado, no coração.
Ali bem aconchegado, bem seguro para que possamos, num momento só nosso, abrir de mansinho e deixar voar pelos nossos sentidos todas as memórias.
domingo, 25 de julho de 2021
Post.it: O outro
O outro, um mistério, uma porta, por onde, por vezes, nos atrevemos a entrar, a ficar, a chamar-lhe amiga/o. O outro, que por diferente ou estranho que pareça, tem sempre algo de belo, tem sempre algo para oferecer ao eu. A esse eu que lembra a cada um de nós que para alguém, somos, o outro.
sábado, 17 de julho de 2021
Sou pequenina
Que jamais
sairei de mim.
Então aqui me
aconchego,
Sem questionar
o principio,
Nem saber a
onde chego.
As quatro áreas
do coração,
São as paredes
tecto e chão.
São a minha
terna casa,
São as minha
doce asa.
Então, escrevo,
num ebulir,
Que não grita
para sair,
Mas implora para
ficar.
Escrevo para o
coração embalar.
E assim tornar
menos cansativa,
A sua já árdua
missão,
De me manter viva.
Ele retribui
agradecido,
E como um
menino crescido,
Salta de
alegria quando gosta,
Das minhas
palavras escritas.
Ou como se
aquieta,
Quase dormente
em tristeza
Que não deixa
de ser contente.
Por vezes
permite-se um suspiro,
E nele então me
inspiro,
Porque o
coração não mente,
Se o que digo
abraça o que sente.
domingo, 11 de julho de 2021
Post.it: Nunca mais...
Nunca mais verei a Drª Graça, a Drª Lurdes da farmácia da Pampulha, o Sr. Martins do Café da rua de baixo, o P. Afonso e tantos outros rostos, nomes, vidas que se cruzavam com a minha, que a tornavam mais rica, mais firme, mais completa. Pessoas que faleceram durante a pandemia e outras, devido a ela. Pessoas a quem não podemos dar um ultimo adeus, acompanhar até à sua última morada nem depositar junto a si uma simples flor.
Nunca mais abrirão vários estabelecimentos, a padaria da esquina, o café dos pastéis de bacalhau no Bairro Alto, a frutaria do Sr. Joaquim e outros, tantos outros que agora apenas revelam montras tapadas com papeis que escondem um interior desolador e vazio.
Nunca mais tive boleia para o emprego com as conversas matinais por vezes alegres, outras, sonolentas, rezingonas, faz parte, depois de 20 e muitos anos de amizade em que já não há segredos nem se escondem as características de cada um.
Nunca mais houve abraços, beijos, sorrisos destapados na rua, nos transportes, no emprego.
Talvez haja coisas que voltem a ser o que eram. Surpreende-me sempre a capacidade de nos reerguermos, de nos reinventarmos, de tirarmos as lágrimas dos olhos e as escondermos no coração.
As primaveras continuam a oferecer viçosas flores, as andorinhas regressam fielmente aos ninhos dos anos anteriores. O mar estende-se azul, os campos cobrem-se de verde. As árvores frondosas oferecem generosas sombras. O luar continua a mudar ciclicamente de fase.
O sol continua a brilhar se entretanto não vier um cientista maluco acusa-lo de ser a causa da reprodução dos vírus e invente uma mascara para lhe tapar o brilho.
Ficaremos bem, ainda acredito que sim, um dia, depois de meses e anos, sabe-se lá quantos…
Mas o mundo, as pessoas, as vidas, os comportamentos, os medos, nunca mais voltarão a ser o que eram. Sofremos demasiado, crescemos demasiado, morremos demasiados. Há uma geração a nascer e a crescer olhando para rostos com máscara.
Nunca mais seremos quem eramos, mas, quem sabe, nos tornemos melhores, mais unidos, mais solidários, mais conscientes, mais criativos, com mais sorrisos, no olhar…
terça-feira, 29 de junho de 2021
S. Pedro 2021
S. Pedro não fiques triste,
Se a tua festa
for pequena,
O que importa é
que existe,
Uma devoção em
nós plena.
E em breve,
temos esperança,
Com saúde, paz e
alegria,
Celebraremos
com pujança,
A liberdade de
abraçar cada dia.
S. Pedro pega
nas tuas chaves,
Fecha o vírus
com a mais forte,
Ou que ele migre
como as aves,
E vá congelar
para o polo norte.
sábado, 26 de junho de 2021
São João 2021
S. João, S. João
Mais um ano sem te cantar,Mas nenhum vírus
mata a devoção
Nem a máscara
nos fará calar.
S. João, S. João
Abraçaremos com
o olhar,
Mesmo sem darmos
a mão,
Tens no nosso
querer um lugar.
São João, meu
santo bonito,
Não esquecemos
o teu dia,
Mesmo sem sair
de casa acredito,
Que festejamos
com igual alegria.
sábado, 19 de junho de 2021
Post.it: O gato amarelo
Tempos mais tarde, o meu vizinho do andar e cima, arranjou um gato, o Sebastião e para minha alegria, era amarelo. O Sebastião era meio vadio, ficava todo o dia em casa mas ao entardecer punha-se a miar junto da porta, a pedir para sair. Voltava pelas 2 horas da madrugada, punha-se a miar junto da minha janela e eu meio ensonada lá lhe ia abrir a porta da rua. Subia de imediato e deitava-se silenciosamente no tapete da entrada da porta do meu vizinho. Tínhamos uma amizade discreta, no fim de semana, dava-lhe um sermão – Sebastião tens de vir para casa mais cedo, todos os dias na borga até às 2 horas da manhã? Isso tem de acabar! Ele rolava no chão e oferecia-me a barriga para que lhe fizesse festas. – Não merecias, mas, não te resisto! Claro que pelas 2 horas da manhã lá estava o Sebastião a miar na janela, mais pontual que um relógio. Quando o Sebastião morreu atropelado, durante muito tempo ainda lhe ouvia o miar às 2 da madrugada, até se silenciar na memória. Passados uns anos, o mesmo vizinho adoptou outro gato, surpresa das surpresas, era amarelo e assim foi batizado. Era um gato vadio que por ali apareceu, dormia na rua e à hora das refeições aparecia para o meu vizinho lhe dar comida. Todas as manhãs quando eu ia para o trabalho, lá estava o Amarelo à espera que lhe abrisse a porta da entrada do prédio, entrava sorrateiro e subia rápido as escadas. Um dia disse-lhe, - Amarelo, mas nem se diz bom dia? Ele parou, olhou para mim, miou e prosseguiu o seu caminho. Não sei se me entendeu, mas desde esse dia, quando lhe abria a porta, olhava para mim, miava e só depois subia. Passados alguns anos, desapareceu. Mas, dizem as pessoas do bairro que na rua de cima aparecerem vários gatinhos amarelos, talvez filhotes do Amarelo?
Um dia uma amiga ofereceu-me um cachorro, para grande felicidade minha, era amarelo. Olhei-o nos olhos e num flash da memória, juro, que vi o olhar do gato amarelo, companheiro da minha infância, o Sebastião que adorava andar na borga e o Amarelo a miar-me os bons dias. Talvez os amarelos não renasçam, talvez, vindos da memória nos visitem o coração.