Talvez
este não seja o melhor ano de cada vida, talvez sobre ele tenham pairado nuvens
demasiado escuras.
Talvez
algo tenha acabado, mudado, desaparecido. Talvez algumas pessoas queridas,
tenham partido e outra chegado.
Talvez
este rio leve consigo, um pouco de mim. Talvez no chão não existam apenas
passos esquecidos mas, tantos outros perdidos, sem terem encontrado o seu destino e permanecem às voltas na sua rotunda
existencial.
Talvez
o vento não tenha limpo o horizonte do sentir e ainda ande por aí em busca de
uma luz no fundo do túnel.
Talvez
as estrelas tenham ficado sem brilho porque se extinguiram há anos luz, só nós
teimamos em ver a ilusão da sua presença.
Talvez
os corações tenham encalhado em cada cais vazio de gente mas cheio de esperas no
desencontro das marés.
Talvez se tenham calado os murmúrios de
promessas que pelas arribas ecoavam e nas dunas se aconchegavam.
Talvez
o sol tenha tardado e o voou de andorinhas não tenha sequer chegado. Talvez a
primavera que se delonga em florir, tenha tirado a cada olhar a razão do seu
sorrir.
E
quando as velas latina se desfraldam, quando as ancoras se erguem, está na hora
de dar novo rumo à proa, girar o leme e confiar nas ondas.
Porque
como diz o escritor “Não se pode amar uma ausência sem espessura de gente”.
Que
nos sopre o vento de feição, que nos voe para a felicidade o coração…
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