Estranhos
são os mares do pensamento… Orlas marítimas que nos elevam e afundam. Quando o
navegar tem por objectivo, apenas um cais onde aportar. Mas as ancoras não
encontram solidez que o segure, os ventos sopram fortes nas velas erguidas. O
pensamento nada contra a maré, mas não
resiste e voa. Neste vai e vem em que parte e regressa, aquele que foi, já não
é o mesmo que regressa.
Quantos
oceanos cruzou, quantos vendavais venceu,
tudo isso, para que o sonho possa por fim, dormir nas águas calmas de um
renovado amanhã.
Sem
olhar de novo para a praia, lá, que ficaram
os despojos das suas batalhas perdidas. O caminho agora, é sempre em frente,
seguindo a luz de um farol que se acende para si como um sorriso de esperança, em
oferta de trégua e de bonança.
Esta
água, de tanta mágoa, com a força que esculpe a rocha, com uma voz de
silenciosos murmúrios, que em onda se eleva mas rendida, se ajoelha no areal.
Já
não lhe quero mal por me afogar os sonhos, por me naufragar as esperanças, por
me inundar o peito de medos.
Um
dia, sim, um dia, a maré há-de mudar e
as velas vão dançar na brisa. Nesse dia, vou estar ao leme, a emergir das
maiores profundezas, a galgar cada crista marítima. E vós meus pensamentos,
meus amargos tormentos, acenar-vos-ei da mais alta arriba e, vos verei partir, meus
longínquos e, apesar de tudo, doces momentos.
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