Sou
teimosa por vocação, persistente por querer, vou, insisto, sim, é verdade nem
sempre dá certo, na maior parte das vezes. Mas detesto aquelas pessoas que nos
estão sempre a “aconselhar”, quase a “proibir”, sempre a ver as coisas pelo
lado negativo, “não vais conseguir”, “vais cair”. E caio, às vezes, quase
sempre, mas a verdade é que me levanto, umas vezes a rir da queda, outras a
chorar sem lágrimas, para que os “moralistas” não se fiquem a rir. Porque se
riem, riem sempre, mesmo que façam um ar pesaroso e digam com carinho “eu bem
que te avisei”. Pois avisaram, mas experimentar tem outro sabor, amargo, por
vezes, mas um dia, ou melhor daí a muitos dias ou anos, esse amargo torna-se
uma doce recordação e quando nada mais restar, contamos e recontamos essas
pequenas aventuras.
Quando
os amigos se forem, os familiares partirem, a saúde acabar, os anos se tornarem
uma longa estrada com mais de passado do que de futuro, sabe bem sentarmo-nos
no sofá, recostar a cabeça e lembrar, vamos rir das quedas e ficarmos, quem
sabe até, gratos por cada uma.
Ainda
bem que tentei, pelo menos mostrei garra, um pouco mais de sorte e teria
conseguido. Mas e depois de vencer? “A felicidade é breve, a dor é longa”, uma
companhia que se torna suave e doce. Também ela tem algo de bom, ensina-nos,
faz-nos crescer. E eu cresci, como cresci. Tenho histórias que se tornam
“velhas” amigas. Lembras-te? Se me
lembro, ainda bem que nunca desisti, de ti, de mim, de nós. Aprendi todas as
lições que a vida me ensinou, porque estive presente e não porque me
facilitaram a jornada.
Ao
longo do tempo, a todos vou agradecendo: os avisos, o cuidado, agradeço
sobretudo o depois, o amparo, a solidariedade, a amizade, o carinho…
“Teimosa”,
diziam-me os pais. “Tem cuidado”, repetiam os avós. “Não insistas”, replicavam
os amigos. Bons conselhos, segui alguns, não a maioria, porquê? Porque é
preciso viver a vida na pele, na carne, em cada lágrima e sobretudo no antes e
no depois, em cada gargalhada.
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