Aconchego-me
num leito de colinas. O céu escurece para me acalentar o sono.
O
sol já se cobriu com o seu manto de sombra. E as horas, num compasso dolente,
repetem baixinho, “Está tudo bem, a Terra pode agora descansar.
A
penumbra estende-se suave como um rio de silêncio. A primeira estrela espreita
no horizonte, olha, estremece e, chama pelas outras que vão salpicando de luz o
prenúncio do entardecer.
A
lua timidamente, pergunta se pode entrar, não vem sozinha, traz a noite pela
mão. Uma noite que ainda se agita desperta e corre por entre a copa das árvores, escorrega pela montanha e só serena
quando um cometa lhe sopra com voz de gente crescida, uma ordem de quietude.
Então, emudece o vento, silencia-se o tempo, porque algures no infinito,
suspensa na galáxia, a Terra, adormece, no cansaço de ser para todos nós, eterna
caminhada.
O
meu coração divide-se entre o mar e o céu. O mesmo azul, o mesmo mistério de
profundidade, o mesmo infinito. E se o mar me murmura um convite para ficar, o
céu, sopra-me um desejo para voar.
Abro
as asas sobrevoou-te, salpica-me a tua frescura, mas o céu, ah o céu, eleva-me
às estrelas em pleno dia na descoberta do que existe mais além. Então, deixo-me
conquistar por cada enamoramento, do céu, do mar, do vento. Preciso da
liberdade e do sonhar. Preciso do encontro, da revelação, do infinito e do chão.
Preciso
desse sol que me amanhece e do luar que me anoitece.
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