Despedida do infantário
Convosco
aprendi a crescer,
E
sei que não me vão esquecer,
Afinal,
fui o Rei da traquinice,
E
um furacão de meninice.
Mas
nem tudo foi confusão,
Espero
que lembrem o coração,
Que
também foi terno e feliz
E
de tudo o mais alegre aprendiz.
Perdoem-me
se não fui melhor,
Perdoem
o meu entusiasmo e furor.
Entendam
e acreditem, por favor
Que
à minha maneira, foi amor.
* * *
O
Afonso vai para a escola, o país para, (ou pelo menos aquele pedacinho do país),
fica em suspenso, como vai ser o seu primeiro dia de aulas? Será que vai conseguir
ficar um bocadinho sentado, atento? Será que vai dominar o seu olhar saltitante
que quer ansiosamente ver tudo o que a vista alcança e sobretudo o que está
para lá dessa linha de horizonte? Como adiar, conter, tanta vontade de viver,
de correr, de estar aqui e ali, em todo o lado, como se o mundo lhe fosse
demasiado pequeno e o dia excessivamente curto para todas as viagens
imaginárias que deseja fazer.
O
Afonso vai para a escola, repetem os avós com orgulho, os tios com inquietação,
os amigos com curiosidade e os pais, ai os pais, com redobrada ansiedade. Quando
a porta da sala de aula se fecha, há uma dor de parto longínqua doendo no peito.
“Será que podemos espreitar na janela?” Pergunta a mãe em pensamento,
envergonhada do seu sentimento de separação, não por receio do que possa
acontecer ao seu menino, mas com medo que ele deixe ali, na porosidade daquelas
brancas paredes, esquecida, por encanto, a terna rebeldia da sua infância.
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