Outro
dia estava a fazer zapping no comando da televisão, quando me deparei com um
programa que fomentava o reencontro de pessoas que no seu passado tinham namorado
e por razões diversas, tinham seguido rumos diferentes. Parei
um pouco nesse canal televisivo, assisti aos reencontros com alguma
curiosidade. A
sensação que o programa queria passar era a de que a felicidade perdida pode
ser recuperada, independentemente dos anos que tenham passado. Mas o efeito não
foi o desejado. Nesses reencontros, eram visíveis alguns constrangimentos, e muitas decepções no olhar. Constava-se
que os jovens de há 40 anos, já nada tinham daquela lembrança que os levara guardar
no baú das memórias. O tempo deixara vincado no corpo os caminhos palmilhados.
O tempo deixara na alma a amargura das suas múltiplas vivências. Algures pelo
longo trajecto da vida tinham perdido, a inocência do sorriso, a ternura dos sonhos
e a beleza, não a física mas aquela que só um coração apaixonado vê. Enquanto
que a lembrança de cada momento, permanecera ingenuamente emoldurada de
esperança. Talvez
o tempo nos ensine o que nos recusamos aprender agarrados a uma memória que
tentamos insistentemente guardar.
O
tempo não volta para trás, porque esse retorno significa, na maior parte dos
casos o perder da ilusão com que compomos as lembranças. A perfeição com que
vamos retocando aqui e ali esse passado alicerçado de saudades. Aquele
programa de Volta ao passado,
encheu-me de tristeza por todos aqueles que desejando recuperar o amor perdido,
perderam-no duplamente, do seu passado e para o seu futuro. Este reencontro roubou-lhes
definitivamente uma parte das suas vidas e deixou-os vazios destas recordações.
É
bem verdade que o “tempo une e separa as pessoas” (...) e que “nenhuma força é
tão grande para fazer esquecer pessoas, que por algum motivo um dia nos fizeram
felizes”. Mas também é verdade que “as águas que passam não voltarão a passar”.
Tiremos
de tudo isto uma lição, em vez de irmos atrás do tempo já passado, devíamos ir
atrás do tempo futuro.
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