Onde
moram as casas? Aquelas que nos abrem as portas para entrarmos e ficarmos até
um dia, sem que esse dia chegue nunca. Mesmo que as janelas nos desafiem a outros
voos, que nos criem ilusões de uma nova e bela paisagem, ficamos.
Afinal,
não é todos os dias que encontramos uma casa que albergue generosamente as
nossas manias, que aceite os nossos caprichos, que encha de sol todas as nossas
manhãs e que nos aconchegue no seu conforto todas as noites. É certo que aqui e
ali, vai manifestando o passar dos anos, uma parede que estala, um soalho que
range, nada que um pouco de atenção e reconhecimento não cure, nada que um
pouco de carinho não solucione.
Para
quê mudar de casa, só porque esta já não tem a mesma aparência e o encanto das
coisas novas que nos atraem com falsas promessas de conforto e felicidade?
Esta
velha casa, já conhece todos os nossos segredos, as paredes têm nos seus poros
esconderijos das nossas tristezas e das nossas alegrias, o chão nunca se queixa
de ser mil vezes palmilhado pelas nossas noites de insónia. O teto que nos
abriga condensa o calor da nossa história vivida a dois, as vigas continuam a
ser firmes pilares, mesmo quando as nossas dúvidas nos fazem vacilar, quando a
inquietude da nossa alma nos faz espreitar outras casas. Descobrimos sempre
nelas a falta do seu calor, da sua cumplicidade, do nosso companheirismo, e
regressamos, regressamos sempre para ela.
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