O dia entardeceu ao som de Chopin, este compositor deixa-me sempre a sensação de que a sua música é um tilintar de chuva sobre a vidraça. Um convite para fechar os olhos e sonhar, com o conforto duma lareira, o aconchego dum sofá, um livro, eterno amigo e fiel companheiro, enquanto que Chopin desliza pelo ar, acaricia os sentidos e acalenta as emoções.
As palmas despertam-me do quadro em que mergulhei. Beethoven faz a sua entrada triunfal, volto a sonhar, não sei porquê mas a música clássica tem esse efeito em mim. Esta ganha forma, cor e cheiro, Beethoven leva-me para longínquas paragens, para um mar agreste, as ondas erguem-se ameaçadoras, os marinheiros lutam numa luta desigual contra a força da natureza, são momentos fortes, de notas apoteóticas, os instrumentos desenham a luta dos elementos. Depois vem a calma, a bonança, as notas adquirem uma doçura com sabor a cansaço e a triunfo enquanto me embala como se fosse um barco a navegar. Passado esse momento, as notas voltam a subir de tom, é o momento de festejar a vitória e a sobrevivência, num crescendo a música parece dançar à minha volta.
Adorei, mas faltou-me Bach, sinto sempre a sua ausência quando ele não está no programa. Bach, está-me no coração, a sua música lembra-me andorinhas, no seu voo irrequieto, na sua fragilidade e doçura, deixando-me a sensação duma partida e a promessa de um novo regresso. Que me perdoem os entendidos em música clássica estes esvoaçantes devaneios…
Chopin, Beethoven, Bach - génios que deixaram motivos para acreditar e sonhar. por isso, permanecem e permanecerão. A sua música é para ser sentida e entendida por quem tem coração e sensibilidade. Tenho a certeza que Chopin e Beethoven apreciaram muito a tua interpretação!
ResponderEliminarAdorei a tua ilustração da música clássica, acho que vou começar a vê-la com outros olhos. Obrigada
ResponderEliminarOi, não sou um expert em música clássica, mas grande apreciador da mesma, gostei dos teus devaneios, também costumo “viajar”
ResponderEliminar