não o recebem com simpatia.
A cidade onde se olha para o chão como se procurássemos nele a resposta aos nossos dilemas existenciais. Ou talvez para não cairmos no primeiro buraco no passeio empedrado.
A cidade, feita de pessoas indiferentes a quem passa, não vê, não olha a solidão de cada um.
A cidade onde estranhas árvores crescem nos telhados, chamam-lhes antenas, parabólicas, etc.
A cidade onde as flores já não estão nos jardins mas nas varandas, como se fossem pequenas lembranças de grandes espaços floridos onde as crianças corriam. A cidade, há quem já lhe chame selva, pela desorganização espacial, pela turbilhão de carros e buzinas, ou pela pressa das pessoas que ao passarem chocam com outras que não perdem tempo a redimir-se do contratempo.
A cidade com os seus contrastes, aqueles retratos pitorescos que nos fazem parar e olhar, por vezes até sorrir. O cão que puxa o casaco do menino, a dama jet sete que deixa cair os papeis que tinha organizado para a reunião e a dificuldade em conseguir baixar-se para os apanhar devido à justeza da micro-saia. Que dizer então daquela avó que leva os netos para a escola, todos de mão dada, continuamente a contá-los, há sempre um que falta, porque se escondem na brincadeira com a idosa. E os jovens estudantes caminhando desengonçados com as calças a cair lá vão sem pressa para a escola, parecem felizes.
Cidade, que fazer, se acabamos por gostar de ti? mesmo feia, mesmo suja e barulhenta, mesmo feita de betão, há vida palpitando por essas ruas, em cada janela e crianças brincando nelas.
Habituamo-nos, adaptamo-nos e aprendemos a ver-lhe a recôndita beleza.
E quando as árvores já não puderem nascer por entre o alcatrão, terão sempre onde crescer. Porque a vida nasce e cresce onde houver amor.
Começo a ficar viciada nos teus post.it, gosto da tua maneira de olhar, a cidade e as pessoas.
ResponderEliminarPois é a cidade é tudo isso mas que fazer já somos como ela, stressados.
ResponderEliminarÉ nisto que reside a beleza das cidades, a sobrevivência entre o betão
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