Hoje
o calendário diz que é o último dia de Inverno,
apesar de ter sido uma estação cheia de “personalidade”, deixa-nos
certamente alguma incerteza, será que para o ano regressa?
Porque,
admitamos, nunca um inverno foi tão
desejado, tão esperado, tão ansiado, segundo
sei, chegaram a fazer missas, procissões, e longas e fervorosas orações.
Queríamos
que viesse, mesmo que isso implicasse trazer a “família” e os “ amigos” em
forma de ventos, tempestades, trovoadas.
E assim ela trouxe a Ana que nos abanou logo no início do ano, depois o Bruno,
mais suave mas bem presente, o David não faltou à festa e deixou breves
memórias, quanto à Ema a ilha da Madeira não se esquece dela nos tempos mais
próximos, já o Continente sentiu bem a estadia do Félix, a última visita deste
Inverno foi a Gisele que não se fez rogada em gargalhadas de vento e longos abraços
marítimos. As consequências foram variadas e mal nos deixava um, ainda mal
recuperados, já outro nos entrava pela casa a dentro, abanando portas e
janelas, criando inundações, partindo vidros, arrancando telhados, dando asas
às árvores e ondas aos rios mais serenos.
Foi
realmente um inverno inusitado, dizem os estudiosos destes fenómenos
meteorológicos que o futuro estará repleto deles.
Mas
apesar de todos os problemas que causou, precisávamos deste Inverno, talvez não
tão acentuado, mas precisávamos dele para evitar a seca, para nos apagar os
fogos da lembrança, da dor que o verão deixou neste país escuro de queimada e
de mágoa. Mas precisávamos dele também para nos trazer a Primavera, para que as
flores voltem a desabrochar, para que as andorinhas nos voltem a visitar, para
que os ninhos voltem a ter ovos, para que as abelhas voltem a produzir mel que
nos faça esquecer de todo o fel.
Hoje
também é dia Do Pai, fez-me lembrar uma história que me contaram em criança,
“O Inverno era um pai, por vezes com voz forte e autoritária, mas também
oferecendo caricias de chuva. Que a Primavera era a sua esposa e a mãe da
natureza, quanto aos filhos: Verão, sempre rebelde, rasgando as ondas com o seu
sorriso e uma quente e eterna jovialidade; o Outono, mais atinado, calmo,
obediente, dando ares do pai nos tons cinzentos do céu, mas também parecendo-se
com a mãe na forma como acalenta as folhas caídas sobre o chão”.
Uma
família como a nossa, em que cada um com as suas características, cumpre o seu
papel. Agradecemos ao Inverno a tarefa árdua de “regar” este jardim que é a
terra e desejamos que as outras estações venham também elas na sua faceta de
dar continuidade à subsistência da vida neste Planeta, quanto a nós, também
temos um importante papel, o de respeitar e conservar o meio ambiente, que é o nosso lar.
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