O
trânsito está péssimo! Os combustíveis baixaram, o preço dos carros baixou, as
cartas de condução baixaram, a crise “passou”. De repente tudo aumentou, a
estatística dos acidentes, o número de carros em circulação, todos os membros
da família na mesma casa passaram a ter carro, e que juntando ao seu carro
ainda trás para casa o carro do serviço, os estacionamento diminuiu, as filas
de trânsito aumentaram. “Levanto-me cada vez mais cedo, saio de casa muito
antes do que antes saia e chego ao emprego cada vez mais tarde!”
“Antigamente a fila de carros parecia apenas
uma minhoca, agora são enormes serpentes”, comenta uma amiga.
Bem,
do mal o menos, dá para ir apreciando a paisagem e de vez em quando para
bisbilhotar os hábitos dos vizinhos de viagem, no carro vermelho ao lado (não
se pode falar de marcas) 2 crianças dormem nas suas cadeirinhas, vão para o
infantário, ou para a casa da avó? O veículo que está na faixa da esquerda fala
sozinho e esbraceja, deve estar a falar para o telemóvel, hoje em dia já
ninguém fala sozinho, há sempre um outro alguém do outro lado da linha.
À
minha frente uma nuvem de fumo invade o habitáculo do veículo, por instantes
assusto-me, mas depois percebo que é uma nuvem tabágica. O vizinho de trás vai
bebendo um iogurte enquanto a mulher aproveita para fazer a maquilhagem que não
teve tempo em casa. A fila anda um pouco e mudo de vizinhança, os da direita
parecem estar a dormir de olhos abertos de tão estáticos que estão, o da
esquerda debate-se com as andanças do seu cachorro dentro do veículo tentando a
todo o custo passar para o volante fazendo as vezes do motorista, deve estar a
pensar que quem sabe ele conduza mais depressa que o seu dono.
O
sol brilha, uma quase raridade por estes dias de um inverno que nos tem chegado
em versão condensada. Lá mais a diante no horizonte, um arco-íris com a beleza
de todas as suas cores. Mas eis que de repente uma escuridão se aproxima, “vem
lá chuva” dizem os olhares inquietos dos meus vizinhos. Quando atónica vejo uma
nuvem pesada e grande que se vem aproximando devagar, desfilando graciosa,
passa por mim no seu céu límpido e sem filas de trânsito para a minha frente.
Alguém comenta, “Bolas até fui ultrapassada por uma nuvem”!
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