Bom
ano novo, um desejo, por vezes um desejo profundo, para que tudo seja diferente
do ano (velho). Para que coisas novas aconteçam, ou para que as coisas velhas
não voltem a suceder. E repetimos as palavras habituais, com Paz, Saúde, Amor…
Esta época, curiosamente, ouvi e repeti, palavras que nos outros anos não eram
tão usuais, pedi desejaram-me um futuro com Harmonia e Alegria. Num possível estudo
sociológico, isto devia ter uma clara explicação, talvez estejamos menos
exigentes, talvez estejamos mais conscientes, mais desejosos de harmonia na
nossa vida, de mais alegria nos nossos dias. Com tantos acontecimentos maus,
com tantas tendências negativas, ficámos tristes, muito tristes, por nós, pelos
outros. Com tantas ameaças belicistas e instabilidade política, falar de Paz,
talvez seja um desejo cada vez mais longínquo ou demasiado ambicioso, tornámos-nos humildes, desesperados e, pedidos de harmonia entre as nações e paz
aos corações tornou-se o nosso maior anseio.
Desejar
um Bom Ano Novo é apenas uma expressão, mas é também uma espécie de acreditar
ou não no Pai Natal, quem sabe exista e realize os nossos desejos. Mas depois da festa, chegamos a casa, abrimos
a porta com um sorriso no peito que rapidamente esmorece, a roupa continua no
monte por passar, as contas por pagar, o frigorifico avariado, a saúde de um familiar
debilitada, as nossas dores, ainda doem.
No
dia seguinte, o autocarro continua atrasado, os colegas continuam uns melgas, o
chefe voltou a chegar com mau humor nem um bom dia nos deu. Ano novo, sim no
calendário, de resto continua tudo igual… Tirando que estamos (tesos) gastámos
mais do que podíamos, mais (obesos), comemos/bebemos mais do que devíamos.
Os
festejos já lá vão, a realidade desperta-nos mesmo quando os olhos cansados por
poucas horas dormidas se querem fechar.
Há
ainda quem se (atreve) a lançar um (Bom Ano) misturado com o Bom dia de cumprimento matinal,
respondemos automaticamente a mesma frase, por educação, por uma réstia de
esperança que ainda nos envolve os sentidos. E lá subimos as escadas, descemos
a rua, a vida, ainda bem, continua…
Este
ano, tal como nos anteriores, carregamos o desejo, qual? Muitos, todos os que
precisamos, acho que desejamos muitos na expectativa de que algum, nem que seja
apenas um, nos aconteça…
Mas
este ano, estou tentada a fazer que algo nos seja diferente: que neste ano, o desejar nos seja semente
do querer. Um querer que regamos todos os dias, que alimentamos não só de
esperança mas também de luta, de dedicação, de persistência, de vontade de
continuar, de mudança.
Que sejamos nós. Quem? Cada um que quer/precisa que a
mudança lhe aconteça. E se essa mudança
não acontecer neste dia, neste mês, então, não desistam. Continuem a regar a
semente e acreditem, quando chegarem ao fim deste ano vão ter uma árvore, com
flores e com frutos.
Os frutos do nosso trabalho, da nossa fé, da nossa
capacidade em persistir e lutar pelos nossos desejos. No final deste ano quando
regressarmos da festa, vamos encontrar algo diferente nas nossas vidas: nós, ao
colhermos o que plantámos…
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