Passamos
dias, meses, largos meses sem trocarmos uma palavra, sem fazermos um gesto, sem
nos vermos e no entanto quando há notícias boas ou más lá estás, lá estou, para
me ouvires, para te ouvir, para rirmos ou para chorarmos juntas.
Somos
amigas há quanto tempo? Mais de 20 anos, uma grande parte da nossa vida. E
nesse, já longo caminho quantas histórias…
Vi
partir o teu filho de mãos dadas, o teu pai, abraçadas, agora a tua mãe que
segue para junto deles.
E
quando falo de ti, falo igualmente de outra(s), amiga(s), gosto de sentir que
cada uma é especial, única, que a cada uma respondo e correspondo da maneira
individual que necessitam, há quem precise de um abraço, há quem lhe baste um
estar ao lado, há quem precise de palavras reconfortantes, há quem prefira o
silêncio, e ser amiga é isso mesmo saber e respeitar cada um no que é e no que
quer nesse seu momento.
Somos
amigas de longa data e isso é bom porque nada se espera, nada se pede, tudo nos
é espontaneamente dado.
Não
importa se há outras amigas, se estás mais tempo com elas do que comigo, se não
me telefonas, se não me vens visitar. O bom das amizades de longa duração é que
não há competição, ninguém é mais amiga que o outra, não há preferidos há
apenas o estar e o ser-se amiga.
O
sentimento de amizade deve ser assim, um amor claro e puro, que entra na nossa
vida, que se instala no nosso coração e aos poucos torna-se familiar, os seus
filhos, são nossos filhos, os seus pais também são um pouco nossos e quando
partem, também deixam em nós a mágoa de uma eterna ausência.
Este
ano algumas das minhas amigas estão mais sós, tiveram que dizer adeus aos seus
(nossos) entes queridos. Um adeus a quem
nos permanece nunca será uma despedida, ficam na memória. E nós que fomos
depositários do seu afecto, levamo-lo mais longe para as próximas gerações.
Levamos os seus genes, as suas palavras, os seus ensinamentos o seus que se
tornaram nossos momentos. Trocamos o adeus por um perpétuo obrigado.
Mas
porque a amizade não se agradece, partilha-se, o nosso reconhecimento,
homenagem e bem-querer para a D.
Madalena, Sr. João e D. Helena.
Entretanto,
um olá de boas vindas à Joana, Diogo, Tomás e Beatriz.
A vida é igual à primavera, está constantemente a renascer-nos dentro do peito para que as lágrimas não durem para sempre e para que o sorriso nos seja eterno.