Há
coisas que não partilhamos, nem com os melhores amigos, nem com os
companheiros, familiares, nem connosco. Segredos nossos, tão nossos que os
escondemos da luz do sol, da escuridão da lua. Não sei se é por medo, por vergonha, por qualquer
sentimento que nos impede de os soltar e deixar voar.
Segredos que por vezes
nascem na tenra idade e a dada altura deixamos de os sentir como segredos e
passam a ser em nós como um membro, um braço ou uma perna, algo que por vezes
nos dói, afinal, os nossos membros em
certas alturas também nos doem. Somos feitos de carne e osso e muito mais,
somos feitos de sensações e outras, muitas questões.
É
difícil partilhar, abrir o coração, deixar alguém entrar, ver-nos, sentir-nos,
desnudar-nos a alma, visitar em nós cada recanto e recanto.
Depois, nada fica
como era, a nossa “casa”, tocada, mexida, quiçá até desarrumada por essa visita
muda algo em nós. Quem sabe melhora-nos, quem sabe piora-nos. Com um pouco de
sorte, pós de magia, centelhas de milagre, faz-se-nos caminho e acompanha-nos
ao longo dele. Torna-se um pouco de nós, tornamos-nos um pouco ele.
Mas,
ainda assim, há coisas que não partilhamos, lembro-me em miúda ter ouvido uma
frase que se tornou lição “somos escravos do que dizemos, somos reis do que
escondemos”, e cada um de nós no seu “trono real”, acabamos por gostar dos
nossos segredos, aquilo que nos dá uma espécie de garantia de que nunca seremos
“roubados” ao mais íntimo de nós.
O
que começa como uma dúvida, uma angústia que nos atormenta, constrange, que nos
causa amargura de repente torna-se um “tesouro”, a riqueza do que somos, nos
individualiza, caracteriza, torna-nos únicos, especiais, torna-nos unicamente
nós.
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