Os
animais “humanizam-nos”. Na relação com os animais aprendemos o
desprendimento, o carinho, estregamos-nos a esse cuidar e recebemos em troca um
amor incondicional, neles não há crítica, não nos julga nem nos lança olhares
desfavoráveis, quando muito há curiosidade, vontade de conhecer o que o rodeia,
conhecer-nos para ficar mais próximo.
Os
animais ajudam os humanos, salvam vidas, são para isso treinados, mas uma
grande parte, a maior parte, está neles, na sua capacidade de descobrir, de se
entregar, de ajudar, de partilhar o seu tempo, a sua vida, tão curta, em
generosa oferta e tudo isso é feito sem aparente esforço, tudo parece
divertimento, um jogo onde todos se envolvem para que vença um bem maior, a
sobrevivência.
São
cães polícias, são cães que auxiliam deficientes, que atenuam os sintomas de
doenças, combatem a depressão, afastam a solidão, avisam do perigo eminente,
protegem, guardam quem mais gostam, o seu dono, quer sejam crianças, adultos ou
idosos. São sem dúvida alguma o melhor amigo do ser humano.
Para
os cães basta-lhes a companhia, a comida no prato, e uma bola lançada ao ar num
desafio para a brincadeira, correr, saltar e depois deitar-se junto daquele
corpo por vezes enfermo, aquele amigo. E eles sabem que não há nada melhor do
que ser e ter um amigo, muitos dizem que é um interesse reciproco, não, é muito
mais do que isso, é um amor reciproco.
Que
importa se em cachorros nos roem os sapatos, os móveis, a roupa, ou até a nossa
paciência. Se correm à nossa frente e quase nos deitam ao chão. Se saltam sobre
nós molhados do mergulho na praia. Se nos fazem sair à rua quando a chuva
inunda as ruas. Se nos acordam quase de madrugada indiferentemente se é dia da
semana, fim de semana ou feriado. Se nos deixam a cara lambuzada de lambidelas.
Se lançam sobre nós um olhar triunfante por ter feito o chichi no jornal, claro
que as patas da frente entraram no espaço do jornal mas as de trás ficaram de
fora tal como a pequena poça molhada. Se nos oferecem aquele ar de missão cumprida quando nos trazem os
chinelos, ou melhor, o que resta deles. Eles adoram-nos e nós, claro, a eles.
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