Morrer faz bem! Uma grande descoberta. Talvez mais
importante do que a descoberta da cura para o cancro. Uma revelação onde, se
calhar gastaram-se anos de investigação, quantidades de dinheiro, diversos investigadores,
cientistas com grande currículo e idêntica remuneração, tudo, para chegar à
brilhante conclusão, que morrer faz bem!
Talvez, afinal, acabam-se os problemas de saúde, os
problemas económicos, as duvidas, as angustias com o futuro, a tristeza com os
fracassos, as depressões por sonhos não realizados.
Acabam-se as lutas, as rotinas, as discussões com os chefes,
as disputas com os colegas. Terminam as esperas, na fila dos transportes, do
trânsito, do supermercado, dos centros de saúde, nos hospitais, na pastelaria
para obter um café. Nos correios para ir levantar a misera reforma, no
cabeleireiro para ir cortar os cabelos brancos, porque os escuros vão rareando.
Termina a solidão, a falta de solidariedade, de carinho, a
ausência dos filhos, a indiferença dos vizinhos, o aborrecimento de quem tem de
atender.
É um final para o que
se vive, para o que se desejaria viver ou seja acaba-se tudo, ou quase tudo,
surgem os problemas de se ter morrido, mas isso já não é importante para quem
parte, apenas para quem fica.
Lá está a velha questão de que o que faz bem a uns por
reflexo fará mal a outros.
Mas isso é o de somenos. O que importa é que morrer faz bem,
por tudo o que resolve ou deixa sem solução. Pela partida, quem sabe pela
viagem, há até quem acredite numa chegada, ao Paraíso?
Isso vai para além do nosso além de conhecimento. Aguardamos
por novas grandes descobertas, que não sejam como esta, verdades de La Palisse.
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