Que
olhos nos olham? Com que desejo, perspetiva, com que sentido o da razão ou do coração.
Nunca seremos totalmente quem somos, na leitura dos outros, na nossa própria
leitura. Poderíamos ser diferentes, melhores, dizem os pais, os amigos, os
amores. Mas aí, na verdade, seriamos nós?
Nós
que somos imperfeitos, cheios de manias,
hábitos, de egoísmos, de narcisismos, daquilo que fez os outros
aproximarem-se e, em algum momento até, gostarem de nós. Claro que a beleza
física também é causa desta atracão, mas o que os faz ficar, depois já não é
esse desfile de vaidade pela conquista, é antes o sentir-se de alguma forma,
conquistado.
Terá
sido o olhar, o sorriso, a tonalidade da voz, a sua inteligência, a sua
generosidade, tranquilidade, confiança, talvez, tudo isso, talvez nada disso,
apenas o nosso olhar sobre esse alguém que lhe deu a forma da nossa vontade.
Foi
o encontro que esperávamos, que aconteceu e a partir daí tudo é composição,
desenho da alma, esboço do nosso querer. Culpa do amor, que nos ama, que nos
faz amar e que nos/vos idealiza, o amor dos pais, dos amigos, dos namorados…
Por
vezes o amor vacila, há momentos em que nem sempre o sol brilha e quando isso
acontece, veem o nosso (lado lunar). Não acreditam, acusam-nos de termos
mudado, acusam-se de terem mudado, querem recuperar-nos no que eramos ou
desistem e partem à procura de nós em outros, chegam a encontra-los ou a
acreditar que sim. No fundo nunca foi a nós que viram, não foi a nós que
amaram. Porque quem nos vê, quem nos (vê) realmente, com todos os sentidos, ama-nos,
nos defeitos e nas virtudes.
Ama-nos,
não por sermos perfeitos mas porque de alguma forma as nossas imperfeições
conjugadas com as suas complementam-nos, tornam-nos seres melhores e de vez em
quando, até, mais felizes.
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