Por
vezes imagino-me numa ilha, náufraga de sonhos perdidos, de fantasias perdidas.
E nesse isolamento reencontro-me, sou-me parceira, amiga, sem contudo sentir de
tudo o resto solidão. Há uma felicidade que me inunda, há uma paz que me
aconchega. Deixo os passos na areia, sem outros por perto, regresso ao mesmo
caminho só para lhes fazer companhia. Mergulho o olhar no oceano, ouço o seu
doce murmurar em amena cavaqueira com o sopro do vento, conversam como se
ninguém os estivesse a escutar, falam de tempos já perdidos por entre dunas de
esperança. Eis que então, o mar alteia
uma crista de onda enquanto se ri de tão ridícula lembrança. A areia quente adorna
suavemente o solo em volta das árvores num abraço tão familiar que nem o vento tem
coragem para os tentar separar. Ao fundo uma montanha, não será muito alta, mas
surge como que gigante perante a minha diminuta existência. Não sei se a suba,
e se a subir não sei se a desça, gosto de a ver distante, encosta protectora
das maiores tormentas, intempéries da terra e tempestades do mar. Lá de cima
talvez veja tudo, este meu pequeno mundo, deserto de vidas humanas, vazio de
existências vivas, prefiro imaginá-lo
grande, infinito, habitado pela bondade, pela consideração, dedicação, partilha
e liberdade.
E
nesta ilha que imagino estar, neste paraíso onde em certas ocasiões habito, de
tanto a querer, de tanto a sonhar, sinto por vezes a maravilha de nos mais
belos momentos tornar-me nela…
Sem comentários:
Enviar um comentário