Por
mais atentos que estejamos escapa-nos sempre algo, aquele instante que, quem
sabe, teria sido o melhor da nossa vida.
A
vida é feita de coisas boas que nos escapam e de outras más a que nos agarramos
tentando dessa forma, esquecer. Porque tudo o que existe, existe no tempo, um
tempo que se manifesta e prossegue na sua contínua viagem sem se deter,
indiferente aos nossos desejos, indiferente ao nosso próprio tempo. Por vezes,
esse tempo, parece até, rir-se de nós, quando o deixamos escapar, sem o
abraçar, sem o sentir a crescer em nós, como se nos fosse semente de esperança,
de energia impulsionadora para algo que poderíamos fazer e não fazemos.
Nem
sempre temos noção desses momentos, passaram tão depressa que os sentimos como
sopro de vento, então dizemos, poderia ter sido mas não foi, poderia ter-nos
acontecido mas não aconteceu. Será que não aconteceu, ou fomos nós que deixamos
passar o momento a oportunidade, por distracção, por medo de agir, por confiança
de que surgirá outra. “Não era para acontecer”, como nos acomodamos nessa ideia
de conforto, assim, a culpa, nunca é nossa, mas do destino. Pobre cruzado e
cruxificado culpado sem culpa formada e condenado sem julgamento.
Talvez,
na realidade, independentemente da nossa vontade, da nossa força, da nossa
coragem em agarrar tudo o que a vida nos oferece ou aquilo que conquistamos,
mas ainda assim, escapa-nos, consegue fugir de nós e deixar-nos com a desilusão
de quem quer reter a areia entre as mãos mas acaba sempre com elas vazias.
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