Todos os anos me surpreende a chegada da Primavera, pela
gentileza das suas flores, pelo aroma da terra, pela luz do seu céu, pela festa
dos pardais, pelo voo celebrante das andorinhas. Tudo isto e muito mais no
oferece esta estação do ano, depois de um inverno fustigante e frio, depois da
nossa pegada humana pisar com indiferença cada flor em luta para sobreviver às
intempéries, à poluição e à inundação do betão citadino.
A Primavera com a sua vontade de florir, de renascer
espreita primeiro sorrateira, depois, quando damos conta, está em cada recanto,
até mesmo naqueles em que nos parece impossível aparecer. Deslumbra no seu
colorido, com tons que os mais famosos pintores tentaram reter na tela sem o
conseguir na sua totalidade, porque a natureza tem tonalidades inigualáveis.
Tem formas únicas, aromas ímpares, suavidades próprias.
A primavera que também nos acontece quando o coração
descongela do frio emocional. Quando o olhar se enche de cores de esperança,
quando aqui e ali nos renascem sonhos floridos, quando os pulmões inspiram aromas
já esquecidos.
“Todos os verões hão-de arrefecer nos ventos marítimos,
todos os Outonos hão-de partir nas folhas amarelas, todos os Invernos hão-de ser apenas o caminho para a
Primavera sorrir”.
E mesmo “Que o inverno me cubra a cabeça a eterna Primavera
vive no meu coração”.
Por isso, “Não me falem do aproximar da velhice, mas apenas
de Primaveras antigas”.
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